
Numa discussão que poderia mudar vidas, o Ministério Público Federal (MPF) colocou o dedo na ferida durante audiência pública no Espírito Santo. O tema? A urgência de políticas públicas para diagnóstico precoce do autismo — algo que, convenhamos, deveria ser prioridade há tempos.
Não é novidade que quanto antes se identifica o Transtorno do Espectro Autista (TEA), melhores são os resultados no desenvolvimento da criança. Mas entre o discurso e a prática... bem, aí mora o problema. O MPF foi enfático: "Precisamos de uma rede de atendimento que funcione de verdade, não só no papel".
O que está em jogo?
Imagine uma criança com potencial enorme, mas que por falta de diagnóstico adequado acaba perdendo anos cruciais de intervenção. É como ter uma Ferrari com freio de mão puxado — o motor ronca, mas não sai do lugar. E o pior? Quanto mais tempo passa, mais difícil fica destravar esse potencial.
Os números assustam: no Brasil, estima-se que 2 milhões de pessoas estejam no espectro. Muitas sem diagnóstico ou com identificação tardia. No ES, a situação não é diferente — daí a importância desse debate.
Os três pilares defendidos pelo MPF:
- Capacitação de profissionais — da atenção básica às escolas, todos precisam saber reconhecer os sinais
- Agilidade no encaminhamento — sem burocracia que adie o acesso a especialistas
- Apoio às famílias — porque receber o diagnóstico é só o começo da jornada
"Não adianta ter lei se não tiver verba e vontade política", disparou um dos participantes. E cá entre nós, ele tem um ponto. A Lei Berenice Piana (12.764/2012) já existe há mais de uma década, mas na prática... você conhece alguém que enfrentou dificuldades no sistema?
O debate esquentou quando surgiu a questão dos custos. Sim, implantar políticas eficientes demanda investimento. Mas o preço de não fazer nada? Incalculável. Cada real gasto com diagnóstico e intervenção precoces economiza dez em tratamentos futuros — sem contar o ganho em qualidade de vida.
Enquanto isso, nas redes sociais, pais compartilham histórias emocionantes — e às vezes desesperadoras — sobre a busca por diagnóstico. Alguns peregrinam por anos entre consultórios. Outros ouvem absurdos como "é falta de limites" ou "vai passar". Situações que, num mundo ideal, seriam impensáveis em pleno 2024.
A audiência terminou com um compromisso (ou promessa?) de articular esforços entre União, estado e municípios. Resta saber se sairá do campo das intenções. Afinal, como dizia meu avô, "de boas intenções o inferno está cheio". Mas torcemos para que, dessa vez, seja diferente.