
Imagine só: seu neto completa apenas um dia de vida e já enfrenta uma dor que nem adulto aguentaria. Foi exatamente isso que aconteceu com a pequena Maria Eduarda, em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. A avó, dona Maria Silva, ainda parece estar vivendo um pesadelo — e olha que já se passaram alguns dias.
"Estou orando todos os dias para sair desse inferno", desabafa ela, com a voz embargada. O que deveria ser um momento de alegria virou um drama familiar que chocou até os profissionais de saúde mais experientes.
O que exatamente aconteceu?
Tudo começou com um simples — ou não tão simples assim — procedimento de coleta de sangue. Enfermeiros do hospital usaram algodão com álcool para limpar o pezinho da recém-nascida antes da picada. Rotina, né? Só que algo saiu profundamente errado.
O algodão pegou fogo. Sim, você leu certo. Pegou fogo no pezinho minúsculo da bebê, que nem um mês de vida tinha ainda. O resultado? Queimaduras de segundo grau na região dorsal do pé direito. A cena deve ter sido de cortar o coração.
Desespero e indignação
"Ela chorava muito, muito mesmo", conta a avó, ainda visivelmente abalada. "Quando vi a queimadura, meu mundo caiu. Como pode acontecer uma coisa dessas em um hospital?".
O caso foi parar na Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que imediatamente abriu uma investigação. Segundo eles, tão logo tomaram conhecimento do ocorrido, iniciaram apuração para entender os detalhes — todos os detalhes — do que levou a esse incidente absurdamente evitável.
Enquanto isso, a família tenta cuidar dos ferimentos da pequena Maria Eduarda. A queimadura precisa de curativos diários, trocados religiosamente a cada 24 horas. A avó aprendeu rápido a fazer os curativos, mas confessa: "É doloroso demais ver ela sofrendo assim".
E agora, o que vai acontecer?
Boa pergunta. O hospital — que preferiu não se identificar publicamente — diz através de nota que "tomou as providências cabíveis perante o ocorrido". Legalês para "estamos tentando resolver isso quietinhos".
Mas a Sesa não está brincando em serviço. Eles garantem que vão acompanhar de perto não só o tratamento da bebê, mas toda a investigação do caso. Prometem também — pasmem — "adotar as medidas necessárias para evitar novas ocorrências".
Será que vão mesmo? Porque acidente com álcool em ambiente hospitalar não é exatamente novidade no Brasil. Basta lembrar daquele caso horrível em 2023, onde um paciente morreu queimado durante cirurgia no Paraná. História se repetindo?
Enquanto burocracia gira e investigações caminham a passos lentos, Maria Eduarda segue com seu pezinho ferido. A família espera — ansiosamente — por respostas e, claro, por justiça. "Só quero que minha neta fique bem e que ninguém mais passe por isso", conclui a avó.
Restam as perguntas que não querem calar: quantos "acidentes" assim ainda vão acontecer? Quando é que a segurança dos pacientes vai virar prioridade de verdade nos hospitais brasileiros?