Aos 12 anos, adolescente ouve voz da mãe pela 1ª vez com implante
Adolescente ouve voz da mãe pela 1ª vez aos 12 anos

Menina de 12 anos ouve voz materna pela primeira vez após cirurgia

Um momento de pura emoção marcou a vida de Laís Vitória, de 12 anos, na última quarta-feira (19). Diagnosticada com surdez profunda ainda bebê, a adolescente ouviu a voz da mãe pela primeira vez após a ativação de um implante coclear. O procedimento aconteceu no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, Centro do Recife.

Moradora de Vertentes, no Agreste de Pernambuco, Laís foi submetida à cirurgia no dia 15 de outubro, e o dispositivo foi ativado exatamente 30 dias depois, conforme o protocolo médico. A reação emocionante da garota foi registrada em vídeo pela mãe, Poliana Barbosa, e rapidamente viralizou nas redes sociais.

12 anos de espera por um momento único

"Eu esperei 12 anos por isso. Esperei 12 anos para minha filha escutar a minha voz", declarou Poliana Barbosa, visivelmente emocionada. "Deus é tão bom que a cirurgia foi um sucesso. Com quatro dias após a ativação, ela já vem evoluindo muito".

A adolescente é acompanhada pelo hospital desde que tinha 1 ano e 5 meses de idade. Ao longo de sua vida, Laís enfrentou diversos desafios, incluindo a perda do pai quando tinha apenas 10 anos. Cada conquista da filha representa um reforço na fé e esperança da família.

"Deus é fiel. Ele capacita os médicos para realizar esse tipo de cirurgia. Eu digo sempre: Laís é o meu milagre", afirmou a mãe.

Como funciona o processo do implante coclear

Em entrevista, a fonoaudióloga Rita Fagundes, uma das profissionais responsáveis pelo tratamento de Laís, explicou as etapas do procedimento:

  • Antes da ativação, os pacientes passam por avaliação completa com otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, psicólogo e profissional de serviço social
  • A equipe multidisciplinar decide se o procedimento é viável após confirmar que o aparelho convencional não garante acesso ao som da fala
  • O implante possui duas partes: uma interna (colocada na cirurgia) e outra externa (processador de som)
  • A ativação ocorre cerca de 30 dias após a cirurgia, quando é feita a programação do dispositivo

A especialista ressalta que o momento da ativação marca o início da audição, mas não significa compreensão imediata dos sons.

"O paciente aprende a ouvir. Nem Laís, nem qualquer outro paciente, sai entendendo tudo, mas passa a escutar o som. Eles nascem para a audição naquele momento da ativação. A partir daquele dia, eles vão aprender o que é ouvir", explicou Rita Fagundes.

Adaptação cerebral e acompanhamento contínuo

O processo de adaptação ao novo som requer tempo e dedicação. O cérebro precisa se acostumar com os estímulos sonoros, o que exige acompanhamento profissional constante.

No primeiro ano após a ativação, as consultas são realizadas a cada dois meses para ajustes no aparelho, além da reabilitação auditiva semanal com fonoaudiólogo. O engajamento da família é fundamental para o sucesso do tratamento.

"Não é mágica, é um trabalho contínuo que precisa da ajuda da fono e da família", destacou a fonoaudióloga.

Laís Vitória continua sendo acompanhada pela fonoaudióloga Rita Fagundes e pelo cirurgião Francisco de Biase, ambos do Imip. A história da adolescente serve como exemplo de superação e esperança para outras famílias que enfrentam desafios similares com a surdez profunda.