
Parece que as mulheres na casa dos 40 estão finalmente acordando para a importância da prevenção — e os números em Campinas comprovam isso. Três em cada dez mamografias realizadas na cidade têm como protagonistas mulheres entre 40 e 49 anos. Um dado que, convenhamos, é bastante significativo.
Mas será que essa conscientização está vindo na hora certa? A verdade é que muitas ainda travam uma batalha interna sobre quando realmente devem começar a se cuidar.
O que os especialistas dizem — e por que você deveria ouvir
Segundo a radiologista Maria Cristina Figueiredo, que já viu de tudo nessa profissão, o Ministério da Saúde recomenda o exame bianual para mulheres entre 50 e 69 anos. No entanto — e isso é importante —, ela mesma admite que cada caso é um caso.
"Quando há histórico familiar, a conversa muda completamente", explica a doutora, com aquela voz tranquila de quem já orientou centenas de pacientes. "Nessas situações, a mamografia pode ser necessária dez anos antes da idade em que a parente teve o diagnóstico."
Pense bem: se sua mãe descobriu um tumor aos 45, você precisaria começar aos 35. Simples assim.
Os números que não mentem
De janeiro a agosto deste ano, a realidade em Campinas foi esta:
- 2.380 mamografias realizadas pelo SUS
- 728 feitas por mulheres de 40 a 49 anos
- Isso representa exatamente 30,6% do total
E olha só que interessante: a faixa etária que mais procura o exame é a de 50 a 59 anos, respondendo por 35% dos procedimentos. Como se dissessem "chegou a hora, não tem mais como adiar".
Por que tanta gente ainda adia o exame?
Medo. Essa palavrinha de quatro letras é a maior vilã da prevenção. Muitas mulheres confessam que temem o resultado mais do que o desconforto do exame em si — algo completamente compreensível, diga-se de passagem.
"É aquela velha história", reflete a especialista. "É melhor saber e enfrentar do que viver na incerteza. O câncer de mama, quando descoberto cedo, tem até 95% de chances de cura."
E ela tem razão. A mamografia consegue identificar tumores milimétricos, aqueles que nem mesmo o autoexame mais apurado seria capaz de detectar.
O SUS e a realidade campineira
Em Campinas, o caminho para a mamografia pelo sistema público começa nas Unidades Básicas de Saúde. O médico — seja clínico geral ou ginecologista — avalia a necessidade e, se for o caso, encaminha para o exame.
O resultado? Geralmente fica pronto em até 30 dias. Um tempo que, para quem espera, pode parecer uma eternidade, mas que dentro da máquina pública até que é razoável.
O que muita gente não sabe é que o exame está disponível em vários pontos da cidade: Hospital da PUC, Caism da Unicamp, e os hospitais Mário Gatti e Ouro Verde. Opções não faltam.
E as mais jovens?
Aqui vai um alerta: mulheres abaixo dos 40 anos com casos na família devem redobrar a atenção. A ultrassonografia das mamas muitas vezes entra em cena como exame complementar — especialmente para mamas mais densas, comuns nas mais jovens.
"Não existe idade para começar a se cuidar", defende a radiologista. "Existe, sim, o momento certo para cada tipo de exame."
No fim das contas, a mensagem que fica é clara: conversar abertamente com seu médico sobre histórico familiar e fatores de risco pode — literalmente — salvar sua vida. E não há tecnologia no mundo que substitua esse diálogo.
Campinas mostra que está no caminho certo, mas ainda há muito chão pela frente. Sua saúde merece essa conversa.