A busca por tratamentos mais práticos e eficazes contra a obesidade e o diabetes tipo 2 ganhou um novo e promissor capítulo. Um estudo de fase 3, publicado no renomado periódico The Lancet, demonstrou que a orforgliprona, uma pílula de uso diário desenvolvida pela farmacêutica Eli Lilly, apresentou resultados impressionantes, comparáveis aos medicamentos injetáveis mais modernos do mercado.
Um estudo robusto com resultados claros
A pesquisa, que seguiu a metodologia duplo-cega e controlada por placebo, acompanhou 2.859 voluntários com sobrepeso ou obesidade e diagnóstico de diabetes tipo 2. O ensaio clínico, realizado em 136 centros de pesquisa distribuídos por dez países, teve duração de 72 semanas. Todos os participantes mantiveram seus tratamentos de base e foram orientados a adotar hábitos de vida saudáveis.
O principal objetivo era medir a perda de peso proporcionada pela nova medicação. Os resultados, no entanto, foram além das expectativas. Os pacientes que utilizaram a orforgliprona perderam, em média, 10% do peso corporal total, atingindo a meta primária do estudo de forma contundente.
Eficácia que rivaliza com as canetas injetáveis
Um dos aspectos mais comentados pelos especialistas é a eficácia do comprimido, que se mostrou equivalente à de medicamentos injetáveis consagrados. “O efeito da orforgliprona na população com diabetes tipo 2 e obesidade foi superior ao do Ozempic e comparável ao do Wegovy”, destaca o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e colunista de VEJA SAÚDE, em referência aos produtos da concorrente Novo Nordisk.
Além da perda de peso geral, o controle glicêmico também foi notável. O estudo registrou uma queda de 1,8% nos níveis de hemoglobina glicada, um exame crucial para monitorar a média de glicose no sangue em um trimestre.
Redução abdominal e benefícios cardiometabólicos
Porém, um dado em particular chamou a atenção: o impacto na gordura visceral, considerada a mais perigosa para a saúde. A circunferência abdominal dos voluntários diminuiu, em média, 10 centímetros. “Essa redução dá três ou quatro buracos a menos no cinto”, ilustra o Dr. Couri, enfatizando a importância clínica de reduzir a gordura que se acumula na barriga, associada a pior estado metabólico e inflamatório.
Os benefícios não pararam por aí. A pesquisa também apontou outros ganhos significativos para a saúde cardiovascular dos participantes:
- Redução da pressão arterial.
- Queda de 17% nos níveis de triglicérides.
- Redução de 40% no PCR, um marcador de inflamação no organismo.
Esse conjunto de efeitos positivos sugere que a orforgliprona, assim como seus análogos injetáveis da classe dos agonistas de GLP-1, pode exercer um importante papel de proteção cardiovascular.
O futuro do tratamento
O perfil de segurança do medicamento foi considerado semelhante ao de outros remédios da mesma classe, o que é um indicativo positivo para sua aprovação. A expectativa do mercado e da comunidade médica é que as agências regulatórias, como a Anvisa no Brasil, liberem a orforgliprona para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2 ainda em 2026.
Se confirmado, o lançamento deste comprimido diário representará uma verdadeira revolução no manejo dessas condições, oferecendo uma alternativa eficaz e potencialmente mais acessível e conveniente do que as versões injetáveis semanais, sem abrir mão dos resultados expressivos na perda de peso, controle glicêmico e saúde geral.