Um caso familiar complexo mobiliza a Justiça em Águas Lindas de Goiás, onde um pai biológico luta pelo direito de conviver com sua filha de 2 anos e 8 meses, após a mãe da criança tê-la dado como morta e posteriormente entregue para registro por outro casal.
Confronto para esclarecer contradições
A delegada Tamires Teixeira, responsável pelo caso, informou que a polícia pretende realizar uma acareação entre os pais biológicos da criança. O objetivo é colocar frente a frente o casal para que prestem depoimentos juntos, permitindo que as autoridades tentem sanar as contradições existentes nas versões apresentadas por ambas as partes.
Segundo a delegada, "a gente está pensando em fazer uma acareação entre as partes porque nenhuma delas tem provas documentais. Como tem muita contradição entre os depoimentos, a gente precisa ver as partes cara a cara, para ver o que vai acontecer".
Versões conflitantes sobre a paternidade
Floriel Pires Maciel, 24 anos, ajudante de obras e pai biológico da menina, luta na Justiça há aproximadamente dois anos para obter a guarda da filha. Ele descobriu que a criança estava viva após encontrar acidentalmente uma prima de sua ex-companheira com um bebê da mesma idade que sua supostamente falecida filha.
A defesa do pai biológico afirma que a mãe ocultou deliberadamente a morte da menina e a entregou para ser registrada por outro homem, mesmo sabendo da paternidade de Floriel. Ele já tem a guarda de outro filho do relacionamento, de 5 anos.
Já as defesas da mãe biológica e do pai registral alegam que não houve má-fé no registro, pois acreditavam genuinamente que a criança era filha do rapaz que a registrou. A mãe afirma que teve um caso com esse homem e tinha dúvidas sobre a paternidade.
Situação atual da criança e investigações
Atualmente, a menina mora com o casal para quem foi entregue pela mãe e convive com o pai biológico apenas três horas por semana, por determinação judicial. A delegada Tamires Teixeira ressalta que, até o momento, não foi constatado nenhum crime nas investigações que correm na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM) de Águas Lindas de Goiás.
"Até o momento, a gente não vê nenhum crime, segundo o que a gente tem nos autos. O que eu vejo mais é realmente um conflito muito complexo de família", explicou a delegada.
Entre as contradições citadas está a ausência de registros que comprovem o histórico de violência doméstica alegado pela mãe, que pediu para não ser identificada, assim como a falta de comprovação sobre maus-tratos contra o filho mais velho, conforme informado por Floriel.
Posicionamento das defesas
Raquel Gomes, advogada de Floriel, é categórica ao afirmar que a mãe nunca teve um caso com o esposo da prima e que as versões sobre depressão pós-parto surgiram apenas quando perceberam que poderiam responder legalmente pelo ocorrido.
Já a defesa da mãe biológica e do pai registral mantém que o registro foi feito de boa-fé. O advogado Ilvan Silva Barbosa, representante do pai registral, emitiu nota afirmando que "o registro de nascimento foi realizado de boa-fé, após ter sido informado pela própria genitora de que o bebê era fruto de um breve relacionamento entre ambos".
O caso continua sob investigação enquanto Floriel persiste em sua batalha judicial pelo direito de conviver mais tempo com a filha biológica.