
Quem disse que tempo é apenas número? Maria do Carmo Silva, carinhosamente conhecida como Dona Carminha, provou que há muito mais na vida do que simplesmente contar anos. Na última terça-feira, o abrigo onde mora, em Imperatriz, simplesmente explodiu em alegria.
E não era para menos. A centenária – melhor, supercentenária – completava nada menos que 110 primaveras. Uma verdadeira façanha!
Surpresa? Nem tanto. Dona Carminha, esperta como só ela, já desconfiava que algo se tramava. "A gente sente quando tem festa chegando", disse com um sorriso maroto, desses que só quem viveu muito consegue ter. E vivê, ela viveu.
Uma vida de histórias
Nascida em 1915 – sim, você leu certo –, ela testemunhou praticamente um século e meio de transformações. De lampiões a smartphones, de estradas de terra a asfalto, viu o mundo dar voltas e mais voltas.
Seus segredos? "Comida de verdade, sem frescuras, e nunca guardar rancor", revela, enquanto ajusta o vestido florido escolhido para a festa. Simplicidade que, convenhamos, faz pensar.
A celebração
Bolos – não um, mas vários –, doces, salgados e muita, muita música. Os funcionários do Lar do Idoso São Francisco de Assis capricharam. Decoraram tudo com cores vibrantes, balões e faixas. Parecia até aquelas festas de interior, onde todo mundo é família.
E falando em família, embora não tenha filhos, Dona Carminha conquistou uma legião de "netos" e "filhos" postiços. Voluntários, cuidadores, outros residentes – todos ali para celebrar sua trajetória única.
"Ela é nossa avó coletiva", brinca uma cuidadora, emocionada. "Traz uma luz para este lugar."
Lições que ninguém ensina na escola
O que se aprende em 110 anos? Perguntei a ela, curioso. A resposta veio rápida: "Aprendi que tempo passa, mas a gente é que decide se fica pra trás ou segue em frente". Filosofia pura, daquelas que só a vida ensina.
E seguiu: "Ah, e também aprendi que chorar alivia, mas rir é melhor ainda". Não dá para discordar, não é?
Enquanto soprava as velinhas – sim, todas, com um fôlego impressionante –, seus olhos brilhavam. Não era só pela festa, mas por sentir-se amada. Quase esquecida em um canto do mundo, mas cercada de carinho.
Imperatriz, cidade que adotou como sua, ganhou mais um motivo para se orgulhar. No meio de notícias tantas vezes ruins, eis que surge uma história que aquece o coração. Dona Carminha, com seus 110 anos, mostrou que a vida, quando bem vivida, é eterna celebração.