Aos 67 anos, aposentado de Avaré realiza sonho de infância e voa de avião pela primeira vez | Presente dos filhos emociona
Aos 67 anos, aposentado realiza sonho de voar de avião

Quem disse que sonhos têm prazo de validade? João Ferreira, 67 anos, aposentado da pacata Avaré, no interior paulista, acabou de provar que não existe idade certa para realizar fantasias antigas — principalmente aquelas que parecem impossíveis.

Na última sexta-feira, algo extraordinário aconteceu. Seus três filhos — Maria, Carlos e Antônio — chegaram com um envelope misterioso. "É presente adiantado", disseram, com sorrisos largos. Dentro, não era uma simples gravata ou uma camisa. Era a realização de uma vida inteira: uma passagem de avião.

João ficou mudo. Depois, as lágrimas vieram. "Nunca imaginei", balbuciou, segurando o papel como se fosse ouro. "Sempre vi esses pássaros de metal no céu e pensei: um dia..."

O grande dia: medo, ansiedade e pura magia

A viagem foi programada para domingo, saindo de São Paulo com destino a Recife. João mal dormiu na véspera. "Parecia criança no Natal", contou dona Marta, sua esposa há 45 anos. "Só falava nisso."

No aeroporto, tudo era novidade. O check-in, a esteira de bagagem, o portão de embarque. "É maior que a rodoviária de Avaré", brincou, olhando para todos os lados.

Mas confesso: o coração bateu forte na hora de entrar na aeronave. "Apertei a mão do Carlos como se fosse afundar", admitiu. "Até que a aeromoça sorriu e me acalmou."

Lá no alto: uma perspectiva nova

E então... a decolagem. João descreve a sensação como "um misto de susto e êxtase". As nuvens, vistas de cima, pareciam algodão doce. As estradas, rios e cidades viraram miniaturas. "Pensei na minha infância, nos tempos de roça, e como a vida muda."

Ele não soltou a janela nem por um segundo. Queria gravar cada detalhe. "Até o pouso foi emocionante. Todo mundo aplaudiu e eu me senti parte de algo grande."

Presente que vai além do material

Os filhos explicaram a motivação. "Papai sempre trabalhou duro e abriu mão de tudo por nós", disse Maria, a filha mais velha. "Esta era a única dívida que faltava pagar: sua curiosidade, seu desejo de ver o mundo de cima."

E não foi só um voo. Foi um recado silencioso de que sonhos não envelhecem. De que coragem — seja aos 7 ou 67 anos — ainda é a mesma.

João já planeja o próximo destino. "Quero ver o mar de lá de cima", sonha. Dessa vez, sem medo. Só com gratidão.