
O inverno de 2025 está deixando marcas profundas no Rio Grande do Sul — e não só pelas geadas que pintam de branco os campos do sul. Nas estatísticas da saúde, um número assustador: nunca tantos gaúchos haviam morrido por complicações da gripe em um único ano.
Até agora, o vírus já levou mais vidas do que em qualquer outro ano registrado. E o pior? A prevenção está capenga. Nem metade dos idosos, gestantes e outros grupos de risco tomaram a vacina que poderia evitar essa tragédia.
Números que doem
Os dados oficiais mostram uma curva ascendente que parece não ter fim. Enquanto isso, nas unidades básicas de saúde, filas de tosses secas e febres altas se misturam ao desespero de quem espera por atendimento.
"É como se tivéssemos esquecido os horrores da pandemia", comenta uma enfermeira de Porto Alegre que prefere não se identificar. Ela conta que muitos ainda acham que gripe é "só um resfriadinho".
Vacinação: a conta que não fecha
Olha só essa ironia: o estado tem doses suficientes, mas faltam braços dispostos a recebê-las. A cobertura vacinal está estagnada em:
- 47% entre idosos
- 39% em gestantes
- 52% nos profissionais de saúde
E não adianta culpar só a desinformação. Tem muito de "deixa pra depois" no meio disso — até que o vírus bate na porta.
O que está por trás?
Especialistas apontam três fatores que viraram combustível para essa crise:
- Cepas mais agressivas circulando neste inverno
- Baixa imunidade coletiva pós-isolamento
- Falta de campanhas impactantes que convençam os reticentes
"Quando a gente fala em recorde, não são só números. São vidas interrompidas, famílias despedaçadas", reflete o infectologista Carlos Mendes, enquanto ajusta o máscara N95 no hospital onde trabalha.
Nas ruas de Caxias do Sul, a realidade se repete: farmácias com cartazes de "estoque esgotado" para antigripais, escolas com turmas pela metade, empresas operando com equipes reduzidas. O vírus não escolhe vítimas — mas poderia ter encontrado muito menos portas abertas.