
O ano de 2025 mal começou e Bauru já enfrenta uma triste realidade que muitos pensavam controlada. A primeira morte por leishmaniose visceral — o temido calazar — foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde, e a situação é mais preocupante do que parece à primeira vista.
Nove casos da doença já foram registrados na região até agora. Mas cá entre nós, quem trabalha na área sabe que os números oficiais muitas vezes escondem uma realidade mais dura. A subnotificação, essa velha conhecida dos serviços de saúde, pode estar mascarando um problema ainda maior.
Uma Doença que Não Dá Trégua
A vítima fatal era um homem de 56 anos, residente no Jardim Redentor. Ele deu entrada no Hospital de Doenças Tropicais no dia 18 de setembro — sim, quase um mês atrás — e lutou contra a doença até o último suspiro no último sábado. A história dele nos faz pensar: quantos outros casos estão passando despercebidos?
O calazar não brinca em serviço. Começa com febre que não dá trégua, o corpo vai ficando mais fraco, o baço aumenta de tamanho... e se não for tratado a tempo, o desfecho pode ser trágico. A verdade é que essa doença, transmitida pela picada do mosquito-palha, encontra condições perfeitas para se espalhar em áreas com acúmulo de lixo, terrenos baldios e criação irregular de animais.
Números que Assustam
Vamos aos dados — e eles não são nada animadores:
- 9 casos confirmados em 2025 na região de Bauru
- 1 óbito confirmado
- 4 casos só no município de Bauru
- 5 casos distribuídos por cidades vizinhas
Mas espera aí, tem mais. A Secretaria de Saúde do Estado revelou que, em todo o território paulista, já são 36 casos e 4 mortes neste ano. Parece pouco? Pense de novo. Cada caso representa uma vida afetada, uma família preocupada, um sistema de saúde sobrecarregado.
O Inimigo Invisível
O mosquito-palha, esse vilão minúsculo, adora se reproduzir em matéria orgânica em decomposição. E adivinha onde isso é comum? Exatamente: em terrenos com folhas secas, lixo acumulado, fezes de animais... locais que, infelizmente, ainda são comuns em muitas áreas urbanas.
E tem outro detalhe importante: os cães podem ser reservatórios do parasita. Isso mesmo — seu animal de estimação pode estar abrigando o inimigo sem você saber. A vigilância precisa ser constante, tanto com os humanos quanto com os pets.
O Que Fazer?
A prefeitura, claro, diz que está fazendo sua parte: ações de controle do mosquito, orientação à população, investigação de casos suspeitos... Mas será que é suficiente? Moradores relatam que em muitos bairros a situação está longe do ideal.
Enquanto isso, a recomendação oficial é clara: procurem atendimento médico ao primeiro sinal de febre persistente. Não esperem piorar. O calazar tem tratamento, mas o tempo é crucial.
No fim das contas, essa morte em Bauru serve como um alerta doloroso. Mostra que doenças que muitos consideram "do passado" continuam presentes e perigosas. E nos faz questionar: estamos fazendo o suficiente para proteger nossa população?