Semana decisiva: STF define futuro de Bolsonaro e aliados por golpe
STF define futuro de Bolsonaro e aliados por golpe

O Supremo Tribunal Federal iniciou nesta semana uma sequência de julgamentos cruciais que definirão o futuro político e judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu filho Eduardo Bolsonaro e importantes aliados militares envolvidos na trama golpista investigada pela Justiça.

Voto de Moraes acelera processo judicial

Na sexta-feira, 7 de novembro de 2025, o ministro Alexandre de Moraes depositou no Plenário Virtual do STF um voto de 141 páginas que rejeitou os embargos de declaração apresentados pela defesa de Jair Bolsonaro. O ex-presidente havia alegado supostas omissões e contradições na decisão que o condenou a 27 anos e três meses de prisão por liderar a tentativa de golpe de Estado.

A manifestação formal de Moraes descartou qualquer ilegalidade na fundamentação que condenou Bolsonaro, abrindo caminho para que as penas comecem a ser cumpridas. Ainda na sexta-feira, a Primeira Turma do STF negou por unanimidade os apelos do ex-presidente.

Militares e "kids pretos" no banco dos réus

Na terça-feira, 11 de novembro, a Primeira Turma do Supremo começará a julgar um grupo de réus que, segundo o Ministério Público, utilizaram conhecimento adquirido como integrantes das forças especiais do Exército para monitorar os passos do ministro Alexandre de Moraes.

As investigações revelaram um plano que incluía não apenas o monitoramento, mas também o sequestro de Moraes e até mesmo o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do próprio ministro do STF.

Entre os réus que serão julgados estão os chamados "kids pretos" que monitoraram Alexandre de Moraes, o general Estevam Theophilo - suspeito de praticar ações para conseguir apoio das Forças Armadas ao golpe - além de ex-assessores de Bolsonaro e um policial federal que teria repassado informações sobre a segurança de Lula.

General Mário Fernandes e o "Punhal Verde e Amarelo"

O general da reserva Mário Fernandes, ex-comandante de Operações Especiais do Exército e um dos responsáveis pelo esquema de segurança da posse de Bolsonaro, será julgado em dezembro. Fernandes foi o autor do documento chamado "Punhal Verde e Amarelo", encontrado durante as investigações da trama golpista.

O documento previa a "neutralização" de três autoridades: o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. A defesa do militar nega qualquer intento homicida e alega que a minuta não passava de uma "análise de consequência e efeitos colaterais".

Considerando o histórico de duras penas impostas aos condenados por golpe de Estado, estima-se nos bastidores que a sentença de Fernandes deve ficar na casa dos 20 anos de prisão, apenas um pouco abaixo da pena recebida por Jair Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro e a conspiração internacional

A semana judicial se encerra com o início do julgamento, em Plenário Virtual, do recebimento da denúncia contra Eduardo Bolsonaro por conspirar com os Estados Unidos para punir comercialmente o Brasil pelo julgamento do pai no STF.

O parlamentar é acusado do crime de coação processual e está nos Estados Unidos desde o início do ano, onde articulou sanções comerciais ao Brasil e a aplicação da Lei Global Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes - medida que representa uma "morte financeira" para o alvo.

Com o chefe do clã Bolsonaro cada vez mais próximo do início do cumprimento da pena, esta semana decisiva deve oferecer perspectivas mais concretas sobre quando o ex-presidente começará a ser preso, além de selar o veredicto contra antigos apoiadores e pressionar a direita brasileira a destravar as negociações sobre o herdeiro político de Bolsonaro para as eleições de 2026.