Venezuela pede reunião urgente da ONU após bloqueio naval de Trump
Venezuela pede reunião da ONU contra bloqueio dos EUA

A Venezuela solicitou formalmente, nesta quarta-feira (17 de dezembro de 2025), uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). O objetivo é discutir o que o governo de Caracas classifica como "a agressão em curso dos Estados Unidos" contra o país sul-americano.

O pedido formal e a escalada de tensões

A informação foi divulgada pela agência de notícias Reuters, que teve acesso a uma carta enviada ao órgão composto por 15 membros. Segundo a reportagem, um diplomata das Nações Unidas indicou que a reunião provavelmente será agendada para a próxima terça-feira, 23 de dezembro.

O pedido venezuelano é uma resposta direta à ordem do presidente norte-americano, Donald Trump, que decretou um bloqueio "total e completo" à entrada e saída de navios petroleiros sancionados que operam com a Venezuela. Trump fez o anúncio em sua rede social, Truth Social, acusando o regime do presidente Nicolás Maduro de usar o petróleo para financiar atividades ilícitas.

Acusações e contra-acusações

Em sua publicação, Trump foi enfático: "Pelo roubo dos nossos bens e por muitos outros motivos, incluindo terrorismo, tráfico de droga e tráfico de pessoas, o regime venezuelano foi designado como uma organização terrorista estrangeira". Ele justificou a medida extrema como necessária para combater essas atividades.

Do outro lado, a resposta de Caracas foi imediata e contundente. O governo de Maduro classificou a decisão norte-americana como uma "ameaça grotesca" e "temerária e grave". Acusou Trump de tentar "impor de forma absolutamente irracional um suposto bloqueio militar naval", violando, segundo eles, o direito internacional, o livre comércio e a livre navegação. As autoridades venezuelanas já teriam levado a questão ao conhecimento do secretário-geral da ONU, António Guterres.

Preocupação regional e movimentação militar

A situação ganhou contornos ainda mais preocupantes após declarações do comentarista ultraconservador Tucker Carlson. Ele afirmou que congressistas dos EUA foram informados de que Trump pretende declarar guerra à Venezuela em um próximo discurso à nação.

Enquanto isso, a presença militar norte-americana na região do Caribe se intensificou. Desde agosto, os Estados Unidos reforçaram sua frota sob o argumento do combate ao narcotráfico. Em outubro, enviaram para a área o USS Gerald R. Ford, o maior porta-aviões do mundo, com cerca de 5.000 militares e 75 aviões de combate, incluindo caças F-18, acompanhado por cinco contratorpedeiros.

No final de outubro, o número total de soldados norte-americanos no sul do Caribe e na base militar em Porto Rico já chegava a 10.000, metade deles embarcados em oito navios. Analistas militares observam que, apesar do poderio inédito e ofensivo deslocado para a região – o maior da história do Caribe –, o cenário não sugere, por enquanto, uma invasão terrestre. Em invasões passadas, como em Granada, Panamá e Haiti, os EUA empregaram mais homens, mas com menos capacidade bélica naval e aérea concentrada.

O cerne do conflito permanece: os EUA acusam Maduro, reeleito em 2024 em pleito contestado internacionalmente, de comandar uma vasta rede de narcotráfico. Maduro nega veementemente e alega que Washington usa essas acusações como pretexto para derrubá-lo e se apoderar das imensas reservas de petróleo venezuelanas. A reunião do Conselho de Segurança da ONU na próxima semana será um palco crucial para essa disputa geopolítica que tensiona novamente as relações hemisféricas.