Batalha por distritos: Trump move Justiça contra mapa da Califórnia
Trump na Justiça para barrar novo mapa eleitoral na Califórnia

O governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ingressou com uma ação judicial para tentar barrar a implementação de um novo mapa eleitoral no estado da Califórnia. A medida é parte de uma batalha nacional de redistritamento, conhecida como gerrymandering, que está remodelando as fronteiras eleitorais em meio à década, com o objetivo claro de influenciar as eleições legislativas de 2026.

O que é gerrymandering e por que é crucial para 2026

Nos Estados Unidos, cada deputado federal é eleito por um distrito dentro de um estado. O poder de desenhar esses mapas cabe geralmente aos legislativos estaduais. Partidos no controle costumam redesenhar os distritos para "quebrar" redutos eleitorais da oposição e redistribuir esses eleitores em áreas onde sua base é mais forte, maximizando assim o número de cadeiras que podem conquistar na Câmara dos Representantes em Washington.

Essa prática, embora comum a cada dez anos após o censo, é mais rara em anos "quebrados" como 2025 ou 2026. A próxima eleição para renovar a Câmara será justamente em 2026, e Trump espera reverter a tendência histórica de seu partido de perder cadeiras em eleições de meio de mandato.

Cada cadeira é vital: os democratas precisam ganhar apenas três assentos para retomar o controle da Câmara dos republicanos, o que lhes permitiria bloquear a agenda de Trump e facilitar investigações contra o ex-presidente e seus aliados.

Estados em guerra: quem está redesenhando o mapa

A corrida pelo redesenho dos distritos gerou uma complexa disputa judicial e política em vários estados. Até o momento, as manobras resultaram em uma vantagem potencial de três cadeiras para o Partido Republicano, com nove assentos a mais em perspectiva para os republicanos e seis para os democratas, segundo as projeções das próprias siglas.

Mapas que beneficiam os republicanos

Texas: O governador Greg Abbott sancionou um novo mapa em 29 de agosto que pode render cinco cadeiras extras aos republicanos. A Suprema Corte dos EUA permitiu, em 4 de dezembro, seu uso nas eleições de 2026, suspendendo uma decisão que o considerava manipulado racialmente.

Carolina do Norte: A Assembleia Geral republicana aprovou distritos revisados em 22 de outubro, que podem dar uma cadeira a mais ao partido. Um painel federal negou, em 26 de novembro, um pedido para barrar o novo mapa.

Ohio, Missouri e Indiana também aprovaram ou estão em vias de aprovar mapas que aumentam as chances republicanas, enfrentando entraves variados, como petições para referendo e relutância dentro do próprio partido.

Mapas que beneficiam os democratas

Califórnia: Eleitores aprovaram em 4 de novembro um mapa desenhado pela legislatura de maioria democrata, que pode ajudar a conquistar cinco cadeiras adicionais. O Departamento de Justiça dos EUA, sob influência de Trump, entrou em uma ação movida por republicanos alegando uso ilegal da raça como fator.

Utah: Um juiz impôs um mapa revisado em 11 de novembro que pode dar aos democratas sua primeira cadeira no estado, decisão contestada pelos republicanos.

Illinois tem uma proposta que favorece os democratas, mas o processo legislativo ainda não começou oficialmente.

Outros estados na mira do redesenho

A batalha se espalha por outros estados importantes. Na Flórida, uma comissão especial iniciou discussões, mas a constituição estadual proíbe desenhar distritos para favorecer um partido. Em Nova York e Virgínia, democratas tentam aprovar emendas para permitir o redistritamento agora, mas o calendário é apertado para 2026.

Estados como Wisconsin, Louisiana, Maryland, Kansas e Nebraska também discutem ou enfrentam ações judiciais sobre o tema, com prazos e obstáculos que deixam incerto se novos mapas estarão prontos a tempo das próximas eleições.

O cenário mostra uma guerra cartográfica de alto risco, onde cada linha traçada no mapa pode definir o equilíbrio de poder em Washington. Com processos judiciais em andamento em múltiplas frentes, não há garantia de que os partidos conseguirão manter os ganhos que projetam com o redesenho dos distritos, tornando a disputa pelas cadeiras da Câmara em 2026 uma das mais imprevisíveis e judicializadas dos últimos anos.