Estratégia de Trump revê Doutrina Monroe e foca América Latina
Trump lança nova estratégia com foco militar na América Latina

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, uma nova e abrangente estratégia de segurança nacional. O documento, com 33 páginas, sinaliza uma mudança profunda na política externa americana, com um foco intensificado na América Latina e no combate à imigração, enquanto promete um distanciamento de compromissos globais considerados menos prioritários.

O Retorno da Doutrina Monroe

Um dos pontos centrais do plano é a reafirmação da chamada Doutrina Monroe, uma política do século XIX que estabelecia a América como esfera de influência exclusiva dos Estados Unidos. O texto oficial da Casa Branca é claro ao declarar: "Após anos de negligência, os Estados Unidos reafirmarão e farão cumprir a Doutrina Monroe para restaurar a preeminência americana no Hemisfério Ocidental".

O documento vai além, introduzindo o que chama de "Corolário Trump" à doutrina histórica, descrevendo-o como uma "restauração sensata e eficaz do poder e das prioridades americanas". O objetivo declarado é negar a potências estrangeiras a capacidade de estabelecer presença militar ou controlar ativos estratégicos na região.

Reajuste Militar e Foco no Hemisfério

A estratégia promete um reajuste significativo da presença militar global dos EUA. O foco será redirecionado para ameaças urgentes no próprio Hemisfério, afastando-se de teatros de operação cuja relevância para a segurança nacional teria diminuído nas últimas décadas.

Essa reorientação não é apenas teórica. A publicação do documento coincide com uma amplia mobilização militar no Caribe, envolvendo navios, aviões, submarinos e soldados, em meio a uma escalada de tensões com o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. A nova estratégia sugere que essa presença militar na região pode se tornar mais permanente do que se imaginava anteriormente.

Três Pilares da Ação na Região

O plano detalha três elementos principais para o realinhamento militar na América Latina:

  • Controle marítimo: Presença reforçada da Guarda Costeira e da Marinha para monitorar rotas, conter migração ilegal, combater o tráfico de drogas e pessoas e controlar vias essenciais em crises.
  • Combate a cartéis: Operações direcionadas para proteger a fronteira e derrotar cartéis de drogas, incluindo, quando necessário, o uso de força letal, abandonando uma estratégia baseada apenas na aplicação da lei.
  • Acesso estratégico: Estabelecimento ou ampliação do acesso dos EUA a locais de importância estratégica na região.

Contexto e Possíveis Consequências

A nova estratégia surge em um momento de grande atividade militar norte-americana nas proximidades da Venezuela e consolida uma postura mais intervencionista e unilateral. A menção explícita ao combate a cartéis latino-americanos dá um caráter oficial e duradouro às operações que a Casa Branca afirma conduzir desde agosto.

Analistas apontam que o documento formaliza uma guinada na política externa, priorizando uma visão de "América para os americanos" sob a liderança de Washington, enquanto reduz o engajamento em outras partes do mundo. As implicações dessa mudança para a soberania dos países latino-americanos e para o equilíbrio geopolítico regional devem ser profundas e duradouras.