Trump recebe primeiro Prêmio da Paz da Fifa após críticas por Nobel
Trump ganha Prêmio da Paz da Fifa em cerimônia em Washington

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi agraciado nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, com o primeiro Prêmio da Paz da Fifa. A honraria foi entregue pelo presidente da entidade máxima do futebol, Gianni Infantino, durante o sorteio da Copa do Mundo de 2026, realizado em Washington.

Uma honraria para "unir as pessoas"

O prêmio foi anunciado por Infantino em novembro como uma forma de homenagear indivíduos que trabalham para "unir as pessoas". Ao receber a distinção, Donald Trump declarou que se tratava de "uma das grandes honras da minha vida". Ele ainda acrescentou: "Além das condecorações, salvamos milhões e milhões de vidas".

Infantino justificou a escolha afirmando que o prêmio era entregue "em nome de todos os amantes do futebol ao redor do mundo". No entanto, a premiação foi cercada de controvérsias desde o seu anúncio. De acordo com reportagem do portal The Athletic, do New York Times, nem mesmo o conselho da Fifa, composto por 37 dirigentes, foi consultado sobre a criação do prêmio ou sobre o nome do vencedor. Muitos membros do alto escalão da federação souberam da decisão apenas através da imprensa.

Conexão próxima e contexto geopolítico tenso

A escolha de Trump não chegou a surpreender, dado o histórico de elogios públicos de Infantino ao líder americano. O presidente da Fifa já havia defendido que Trump merecia o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho em um cessar-fogo entre Israel e o grupo militante palestino Hamas, por um possível acordo para encerrar a guerra na Ucrânia e por mediações na República Democrática do Congo.

Em um evento de negócios em Miami no mês anterior, Infantino se referiu a Trump como "realmente um amigo próximo" e pediu que os opositores do presidente respeitassem o resultado das eleições de 2024. "Ele tem uma energia incrível e isso é algo que eu realmente admiro", disse Infantino. "Ele faz as coisas. Ele faz o que diz. Ele diz o que pensa. Ele diz, na verdade, o que muitas pessoas também pensam, mas talvez não se atrevam a dizer."

A premiação ocorre em um momento de escalada de tensão geopolítica. Os Estados Unidos intensificaram a pressão contra a Venezuela, com um pesado deslocamento militar para o Caribe e mais de vinte ataques a embarcações que, segundo Washington, transportavam drogas. Essas operações, parte da chamada "Operação Lança do Sul", resultaram na morte de pelo menos 83 pessoas. Na terça-feira, 2 de dezembro, o próprio Trump afirmou que ataques contra alvos dentro do território venezuelano começariam "em breve".

Cerimônia personalizada e críticas internacionais

A cerimônia de sorteio da Copa do Mundo 2026 parece ter sido minuciosamente planejada para agradar ao presidente americano. Originalmente programada para Las Vegas, o evento foi transferido para a capital Washington e realizado dentro do Kennedy Center, um centro de artes que passou a ser presidido por Trump em fevereiro, após a destituição do conselho anterior.

A atração musical escolhida foi o grupo Village People, presença constante nos comícios de campanha de Trump, com os sucessos "Macho Man" e "YMCA".

A premiação não passou despercebida pela sociedade civil internacional. A ONG Human Rights Watch (HRW) enviou uma carta à Fifa pedindo explicações sobre os critérios para a criação e concessão do novo prêmio. Segundo a organização, nenhuma resposta foi recebida. Em carta ao jornal The Guardian, o diretor de mídia da Fifa defendeu a iniciativa: "Em vez de ser criticada por apoiar a paz em um mundo dividido, a Fifa deveria ser reconhecida pelo que é: uma entidade global que deseja construir um futuro melhor."

A relação próxima entre Infantino e Trump foi ainda mais evidenciada por encontros recentes. No mesmo dia do anúncio do prêmio, ambos participaram de um evento em Miami. Semanas depois, Infantino esteve presente em um jantar de Trump que reuniu uma lista incomum de convidados: o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman; o magnata Elon Musk; executivos de tecnologia e criptomoedas; apresentadores da emissora conservadora Fox News; e o astro do futebol Cristiano Ronaldo.