Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump, mantiveram uma conversa telefônica de 40 minutos nesta terça-feira (2 de dezembro de 2025). O diálogo foi marcado por tom cordial e abordou principalmente a revisão de tarifas comerciais e o fortalecimento da cooperação bilateral no combate ao crime organizado internacional.
Elogios mútuos e avanço nas relações comerciais
Em declarações à imprensa na Casa Branca, em Washington, Donald Trump foi enfático ao avaliar o teor do encontro. "Tivemos uma ótima conversa", afirmou o republicano, completando que "gosto dele", em referência ao colega brasileiro. Trump confirmou que os líderes discutiram temas como comércio e sanções.
Um dos pontos concretos abordados foi a recente decisão de Trump de extinguir, por meio de uma ordem executiva em 20 de novembro, a tarifa adicional de 40% sobre uma série de produtos brasileiros. A lista inclui itens como:
- Carne
- Café e especiarias
- Frutas
- Partes de aviação
- Combustíveis e fertilizantes
- Minérios
Essa medida, segundo o presidente norte-americano, foi tomada após diálogos com autoridades brasileiras. Ela se soma à isenção da tarifa-base de 10% anunciada no dia 14 de novembro para produtos agrícolas que os EUA não produzem em quantidade suficiente. Com isso, os produtos listados ficam completamente livres das sobretaxas.
Do lado brasileiro, Lula avaliou positivamente a remoção da tarifa extra de 40%, mas defendeu que outras taxas ainda em vigor precisam ser revistas para acelerar as negociações bilaterais.
Combate ao crime organizado: Brasil pede cooperação dos EUA
Um dos eixos centrais da conversa foi a ampliação da cooperação na luta contra o crime organizado transnacional. O presidente Lula destacou a necessidade de um trabalho conjunto mais estreito, citando operações recentes no Brasil que identificaram ramificações criminosas no exterior.
O mandatário brasileiro levou a Trump dados concretos sobre fraudes e esquemas de lavagem de dinheiro que utilizavam o estado americano de Delaware como base. As investigações da Receita Federal apontaram movimentações bilionárias do Grupo Refit por meio de empresas offshore registradas em Delaware.
O tema da cooperação contra os braços financeiros do crime já havia sido tratado na semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após nova ação do fisco brasileiro contra sonegadores contumazes a serviço do crime. Haddad e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sugeriram uma parceria com o governo dos EUA devido a conexões criminosas identificadas com um grupo empresarial em Delaware, onde a lavagem de dinheiro empregava ferramentas variadas.
Diante das informações apresentadas, Donald Trump afirmou estar disposto a colaborar e a apoiar ações coordenadas entre os dois governos nesta frente.
Próximos passos e conclusão
De acordo com uma nota divulgada pelo Palácio do Planalto, os dois presidentes concordaram em voltar a conversar em breve sobre o andamento das iniciativas discutidas, tanto na área comercial quanto na de segurança.
A conversa de 40 minutos, ocorrida em 2 de dezembro de 2025, representa um passo na reaproximação entre os dois países, combinando avanços práticos no comércio com uma agenda de segurança compartilhada. O tom amistoso e a disposição para a cooperação sinalizam um novo capítulo nas relações bilaterais, com foco em resultados tangíveis para ambas as nações.