Putin e Modi firmam acordos até 2030, desafiando pressão dos EUA
Rússia e Índia reforçam laços comerciais até 2030

Em um movimento estratégico que desafia abertamente a pressão internacional, o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, assinaram uma série de acordos comerciais e de cooperação nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025. A visita de Estado de dois dias de Putin a Nova Délhi, a primeira desde o início do conflito na Ucrânia em 2022, foi marcada por pompa e a assinatura de um novo programa de parceria econômica que se estenderá até 2030.

Uma Parceria Estratégica Reforçada

Recebido com uma salva de 21 tiros no palácio presidencial Rashtrapati Bhavan, Putin liderou uma enorme delegação empresarial e governamental. O cerne dos entendimentos foi a ampliação e diversificação dos negócios bilaterais, que historicamente se concentram no petróleo e no setor de defesa. Modi descreveu a relação com a Rússia como "uma estrela guia", enquanto Putin expressou o objetivo de elevar o volume comercial entre os países para a marca de US$ 100 bilhões até 2030.

Atualmente, a balança comercial é desequilibrada, favorecendo Moscou devido às massivas importações indianas de energia. Para corrigir isso, um dos focos será aumentar as exportações de produtos indianos para a Rússia. Os documentos assinados preveem cooperação em áreas como:

  • Agricultura e saúde
  • Transporte marítimo
  • Estabelecimento de uma fábrica de fertilizantes em joint venture na Rússia
  • Facilitação para que trabalhadores indianos se mudem para a Rússia

Defesa, Energia e um Desafio Direto a Washington

O setor de defesa, tradicional pilar da relação, também ganhou novos contornos. Os países acordaram em reformular a cooperação para apoiar o projeto de autonomia militar da Índia, através de pesquisa e desenvolvimento conjuntos. Isso incluirá a produção local na Índia de peças de reposição e componentes para a manutenção de equipamentos russos.

No campo energético, Putin garantiu o "fornecimento ininterrupto de combustível" à Índia e mencionou o projeto em andamento para construir a maior usina nuclear do país em Kudankulam. Em entrevista à emissora India Today, ele questionou abertamente a pressão americana: "Se os Estados Unidos têm o direito de comprar nosso combustível (nuclear), por que a Índia não deveria ter o mesmo privilégio?", afirmando que discutiria o assunto diretamente com o presidente Donald Trump.

Resiliência Geopolítica e Tensões Comerciais

A declaração conjunta emitida após a cúpula foi clara ao afirmar que, na conjuntura geopolítica complexa e incerta, os laços russo-indianos permanecem resilientes à pressão externa. Esta resiliência é testada diretamente: a visita de Putin coincide com negociações entre Nova Délhi e Washington sobre tarifas retaliatórias impostas pelos EUA devido às compras indianas de petróleo russo.

A Índia classificou essas tarifas como injustificadas, destacando que os próprios Estados Unidos e a União Europeia continuam a importar bilhões em commodities russas, como gás natural liquefeito e urânio. Após aumentar significativamente a compra de petróleo bruto russo com desconto após a invasão da Ucrânia, a Índia reduziu parcialmente essas importações em 2025 sob a pressão das sanções ocidentais.

A viagem de Putin, portanto, solidifica uma parceria estratégica de longa data e envia uma mensagem poderosa sobre a determinação de ambos os países em definir suas políticas externas e comerciais de forma independente, moldando um novo eixo de influência econômica que desafia a ordem liderada pelo Ocidente.