Rússia alerta sobre 'consequências imprevisíveis' após bloqueio naval dos EUA à Venezuela
Rússia alerta sobre riscos de bloqueio dos EUA à Venezuela

A Rússia emitiu um grave alerta nesta quarta-feira (17) sobre as crescentes tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela. O governo russo afirmou que a escalada do conflito pode gerar consequências imprevisíveis para todo o Ocidente.

Posicionamento russo e apoio a Maduro

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia expressou sua esperança de que uma escalada maior seja evitada. Alexander Shchetinin, diretor do Departamento para a América Latina, avaliou que a situação atual representa riscos para todo o Hemisfério Ocidental e seria um erro crítico permitir sua piora.

Shchetinin também mencionou que o povo venezuelano enfrenta tempos difíceis e reafirmou o apoio de Moscou. Confirmamos nosso apoio às políticas do governo Nicolás Maduro, voltadas para a proteção dos interesses nacionais e da soberania da pátria, declarou o diplomata.

A manifestação ocorreu logo após o anúncio do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que determinou um bloqueio total e completo contra todos os navios petroleiros venezuelanos sob sanção americana.

O bloqueio naval e a justificativa americana

Na rede social Truth Social, Trump classificou o governo venezuelano como uma organização terrorista estrangeira. Ele justificou a medida drástica com acusações de que Caracas estaria envolvida em terrorismo, tráfico de drogas, contrabando e tráfico de pessoas.

A decisão de bloquear os petroleiros foi anunciada uma semana após os Estados Unidos apreenderem uma embarcação do tipo na costa venezuelana. Na prática, essa ação já funcionava como um embargo informal, fazendo com que navios carregados com milhões de barris de petróleo permanecessem em águas territoriais para evitar serem capturados.

Os EUA alegam que o petroleiro apreendido fazia parte de uma rede ilegal de envio de petróleo que apoia organizações terroristas estrangeiras. A Venezuela, por sua vez, denunciou o ato ao Conselho de Segurança da ONU como um roubo e um ato de pirataria naval.

Ainda não está claro como o bloqueio total será implementado na prática, nem se o governo americano utilizará a Guarda Costeira ou forças militares para interceptar as embarcações. Nos últimos meses, os EUA deslocaram milhares de soldados e quase uma dúzia de navios de guerra para a região do Caribe, incluindo um porta-aviões.

Escalada retórica e reações imediatas

Trump intensificou a retórica, afirmando que a Venezuela está cercada pela maior armada já reunida na história da América do Sul, segundo reportagem da CNN. Ele também passou a se referir ao governo de Maduro como um regime ilegítimo.

A resposta venezuelana foi imediata. A vice-presidente Delcy Rodríguez repudiou a decisão, argumentando que o bloqueio revela as verdadeiras intenções de Trump. Em comunicado à imprensa divulgado pela mídia estatal, ela acusou o ex-presidente americano de tentar impor de maneira absolutamente irracional um suposto bloqueio militar naval à Venezuela com o objetivo de roubar as riquezas que pertencem à nossa Pátria.

A medida teve impacto direto nos mercados financeiros. Os contratos futuros do petróleo bruto dos EUA subiram mais de 1% nas negociações asiáticas, atingindo US$ 55,96 o barril, após um fechamento anterior no nível mais baixo desde fevereiro de 2021.

O apoio russo a Caracas não é novo. Há uma semana, o presidente Vladimir Putin já havia conversado por telefone com Nicolás Maduro para reafirmar seu apoio, garantindo que os canais de comunicação direta entre as duas nações permanecem permanentemente abertos. Os dois países são aliados e anunciaram uma reaproximação em maio, com a assinatura de um tratado de cooperação que inclui projetos nas áreas econômica, energética e comercial.