O presidente da Síria, Ahmed al-Sharaa, desembarcou nos Estados Unidos na noite deste sábado (8), em uma visita histórica que marca uma dramática reviravolta nas relações entre os dois países. Segundo a agência de notícias estatal síria, Sharaa deve se encontrar com o ex-presidente Donald Trump e participar de uma coalizão liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico.
Da lista de procurados a aliado estratégico
Até dezembro de 2024, Ahmed al-Sharaa era procurado pelo serviço secreto norte-americano, que oferecia recompensa por informações sobre seu paradeiro. A transformação de sua situação é notável: de figura wanted pela inteligência dos EUA a convidado especial na Casa Branca.
Sharaa assumiu a presidência síria em janeiro de 2025, após forças insurgentes lideradas pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) derrubarem Bashar al-Assad em uma ofensiva relâmpago. Seu passado inclui ligações anteriores com a Al-Qaeda, rede responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA.
Operações antiterror e nova cooperação
Enquanto isso, a Síria intensificou suas operações contra células do Estado Islâmico em todo o território nacional. Um porta-voz do Ministério do Interior sírio informou que forças de segurança realizaram 61 batidas, resultando na prisão de 71 suspeitos e apreensão de explosivos e armas.
Os Estados Unidos e o Reino Unido reconheceram esses esforços ao suspenderem as sanções impostas a Sharaa ainda na sexta-feira (7). O Departamento de Estado americano justificou a medida citando "progresso demonstrado pela liderança síria" após a queda do regime anterior.
Presença militar americana em Damasco
Fontes revelaram à Reuters que os EUA preparam o estabelecimento de presença militar em uma base aérea em Damasco. O objetivo seria viabilizar um pacto de segurança entre Síria e Israel que o governo Trump está intermediando.
Esta iniciativa representa um significativo realinhamento estratégico, já que a Síria sob Assad era aliada do Irã e da Rússia. Os americanos mantêm tropas no nordeste sírio há anos devido ao combate ao Estado Islâmico, mas uma presença na capital seria inédita.
O Departamento de Estado dos EUA e o Pentágono não responderam aos pedidos de comentário da Reuters sobre os desenvolvimentos mais recentes.