Integrantes do governo brasileiro demonstram otimismo em relação à possibilidade de uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no início de 2026. A informação foi apurada pelo Broadcast Político e indica que a ideia amadureceu nas últimas semanas.
Diálogo por telefone e condições para o encontro
O otimismo aumentou após um novo telefonema entre os dois líderes na terça-feira, 4 de dezembro de 2025. No entanto, fontes ouvidas pela reportagem afirmam que a concretização do encontro presencial depende de avanços tangíveis nas negociações em curso entre os dois países.
Até o momento, os Estados Unidos recuaram parcialmente na aplicação de uma taxa de 40% sobre alguns produtos brasileiros. Contudo, uma boa parte das exportações do Brasil continua sujeita às tarifas elevadas impostas pelo governo Trump, conhecidas como "tarifaço".
Pauta de Lula na conversa com Trump
Na conversa telefônica desta semana, o presidente Lula reforçou uma série de pedidos à administração norte-americana. A pauta incluiu:
- Questões comerciais e tarifárias;
- As sanções impostas a autoridades brasileiras;
- A possibilidade de uma parceria bilateral para o combate ao crime organizado.
Além disso, Lula voltou a expressar sua preocupação com a situação na Venezuela, um tema de grande tensão no continente sul-americano devido à possibilidade de uma intervenção militar dos EUA. Esta foi pelo menos a terceira vez que o presidente brasileiro abordou o assunto com Trump, tendo mencionado o tema também em um telefonema em outubro e em um encontro posterior na Malásia.
Segundo as fontes, diante da manifestação de Lula sobre a Venezuela, o presidente norte-americano recolheu a observação, mas não esboçou uma reação específica.
O papel de Joesley Batista nas negociações sobre a Venezuela
Um novo elemento surgiu no complexo cenário venezuelano: a entrada do empresário Joesley Batista, do grupo J&F, nas negociações. A informação foi revelada pela agência Bloomberg e confirmada pelo Estadão/Broadcast.
Joesley se reuniu com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, no final de novembro. Apesar de o Estadão/Broadcast ter mostrado que o empresário avisou o governo brasileiro sobre sua visita a Caracas, auxiliares do Palácio do Planalto negam ter recebido qualquer informação oficial sobre o assunto.
Dentro do governo brasileiro, há ceticismo em relação a um possível papel de Joesley como emissário, seja representando o Brasil ou os Estados Unidos. A movimentação do empresário é vista com cautela e não é considerada uma iniciativa oficial.
O possível encontro entre Lula e Trump no primeiro trimestre de 2026 representa uma tentativa de destravar impasses e estabelecer uma nova dinâmica na relação bilateral, que tem sido marcada por divergências comerciais e geopolíticas. O avanço nas negociações técnicas nas próximas semanas será determinante para que a cúpula presidencial saia do papel.