A líder opositora venezuelana María Corina Machado confirmou que viajará para Oslo, na Noruega, na próxima semana para receber pessoalmente o Prêmio Nobel da Paz. O anúncio foi feito neste sábado, 6 de dezembro de 2025, pelo diretor do Instituto Nobel, Kristian Berg Harpviken, à agência de notícias AFP.
Cerimônia sob tensão e ameaças
A possibilidade de a ativista política de 58 anos participar da cerimônia de entrega do prêmio, marcada para o dia 10 de dezembro, gerou um grande debate e tensão política. Em novembro, o procurador-geral da Venezuela chegou a declarar à AFP que María Corina seria considerada "fugitiva" caso deixasse o país para receber a honraria internacional.
Kristian Berg Harpviken afirmou que, devido a questões de segurança, não podem ser fornecidos mais detalhes sobre a data exata ou a forma como a laureada chegará a Oslo. "Nada é 100% certo no mundo, mas isto é tão certo quanto pode ser", declarou o diretor do Instituto Nobel à emissora de rádio NRK, reforçando a confirmação da presença de Machado.
Reconhecimento e mobilização da oposição
María Corina Machado foi anunciada como vencedora do Prêmio Nobel da Paz no dia 10 de outubro. O comitê do Nobel justificou a escolha pelo "incansável trabalho de promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia".
Em apoio à líder opositora, movimentos de oposição ao governo de Nicolás Maduro convocaram para este mesmo sábado marchas em várias cidades ao redor do mundo. Em publicação nas redes sociais, os organizadores afirmaram que o objetivo é "acompanhar o reconhecimento à valentia de cada venezuelano, porque o Nobel é de todos e a esperança também".
Contexto político complexo
A situação de Machado é emblemática da crise política na Venezuela. A opositora, cujas ideias são alinhadas ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, foi impedida de se candidatar às eleições presidenciais de 2024. Nessas eleições, Nicolás Maduro foi declarado vencedor, um resultado que não foi reconhecido pelos Estados Unidos e por grande parte da comunidade internacional, que apontaram irregularidades.
A cerimônia de entrega do Nobel em Oslo ocorrerá em um momento de tensão geopolítica, coincidindo com o destacamento militar dos Estados Unidos no Caribe e no Pacífico. Conflitos nessa região já resultaram em pelo menos 87 mortes em ataques lançados por Washington, segundo informações da AFP.
A jornada de María Corina Machado até o palco em Oslo representa, portanto, muito mais do que o recebimento de um prêmio. É um ato de resistência política, um desafio direto ao governo de Maduro e um momento de visibilidade internacional para a crise democrática venezuelana.