Golpe militar no Benim: soldados anunciam tomada de poder e dissolução do governo
Militares anunciam golpe de estado no Benim

Um grupo de militares anunciou, neste domingo (7), a tomada do poder no Benim, país da África Ocidental. Em uma declaração lida na televisão nacional, os soldados, que se autodenominam Comitê Militar de Refundação, afirmaram ter deposto o presidente Patrice Talon e dissolvido todas as instituições do Estado.

Declaração dos militares e suspensão da Constituição

Durante o anúncio, um dos militares leu uma proclamação comprometendo-se a dar ao povo beninense "a esperança de uma verdadeira nova era, onde fraternidade, justiça e trabalho prevaleçam". O grupo decretou a suspensão imediata da Constituição e a dissolução de todas as instituições. Além disso, as atividades dos partidos políticos foram interrompidas até novo aviso.

Até o momento, um porta-voz do governo de Patrice Talon não se manifestou publicamente para comentar a situação.

Contexto político e eleitoral

O presidente Patrice Talon estava no poder desde 2016 e, de forma incomum na região, havia confirmado que deixaria o cargo em abril, após as eleições presidenciais. Ele completaria dois mandatos, limite que foi mantido após uma recente mudança constitucional que estendeu o mandato presidencial de cinco para sete anos.

A disputa eleitoral que se aproximava era marcada por polêmicas. O candidato apoiado pelo partido de Talon, o ex-ministro das Finanças Romuald Wadagni, era considerado o favorito. Enquanto isso, o principal candidato de oposição, Renaud Agbodjo, foi barrado pela comissão eleitoral sob a alegação de não ter patrocinadores suficientes.

Onda de golpes na África Ocidental

O golpe militar no Benim é o mais recente de uma série de tomadas de poder por forças armadas que vêm abalando a estabilidade política da África Ocidental. Apenas na semana passada, militares derrubaram o ex-presidente Umaro Embaló, da Guiné-Bissau, após uma eleição contestada.

Desde 2020, esta é a nona intervenção militar do tipo na região, sinalizando uma crescente pressão sobre as normas democráticas na África Ocidental e Central. A decisão de Talon de respeitar o limite de mandatos era vista como uma exceção neste contexto conturbado.

A situação no Benim permanece em desenvolvimento, e o mundo aguarda novas informações sobre os desdobramentos políticos e a reação da comunidade internacional ao novo comando militar.