María Corina Machado recebe Nobel da Paz 2025 em Oslo, desafiando regime de Maduro
Machado recebe Nobel da Paz 2025 em cerimônia na Noruega

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, confirmou sua presença em Oslo, na Noruega, para receber pessoalmente o Prêmio Nobel da Paz de 2025. O anúncio foi feito pelo Comitê Norueguês do Nobel no último sábado, dia 6 de dezembro. A cerimônia oficial de entrega está marcada para a próxima quarta-feira, 10 de dezembro.

Uma viagem de alto risco

A ida de Corina Machado à Noruega era considerada improvável desde que seu nome foi anunciado como laureada, em outubro. A ativista de 58 anos vive escondida na Venezuela devido à intensa perseguição política do regime do presidente Nicolás Maduro. A situação piorou após as eleições presidenciais de julho de 2024, contestadas pela oposição e por parte da comunidade internacional.

O chefe do Instituto Nobel, Kristian Berg Harpviken, revelou que esteve em contato com Machado na sexta-feira, dia 5. "Dada a situação de segurança, não podemos dizer mais sobre a data ou sobre como ela chegará", declarou Harpviken, mantendo os detalhes logísticos em sigilo absoluto.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, já havia alertado em novembro que a opositora seria considerada uma "foragida" caso viajasse para aceitar o prêmio, aumentando os temores sobre as consequências de sua saída do país.

Reconhecimento por coragem e luta democrática

María Corina Machado foi agraciada com o Nobel da Paz por seus "esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela". O prêmio, no valor de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões), a torna a 20ª mulher a vencer a honraria, em um grupo de mais de 90 homens laureados.

O presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Joergen Watne Frydnes, descreveu Machado como "uma campeã corajosa e comprometida da paz" e "uma mulher que mantém viva a chama da democracia". Ele destacou que a líder opositora "sempre falou pelos direitos humanos e pelo povo venezuelano. Ela é o equilíbrio contra os tiros (do regime Maduro)".

O comitê ainda a definiu como "um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos", elogiando sua capacidade de unificar um cenário político fragmentado em torno da defesa de eleições livres e do Estado de Direito.

Presenças e reações

Além de Machado, está confirmada a presença na cerimônia de Edmundo González, candidato opositor que concorreu contra Maduro nas últimas eleições e que atualmente vive na Espanha. A presença de figuras-chave da oposição venezuelana em Oslo simboliza um momento significativo de resistência.

A reação do governo Maduro ao prêmio já havia sido hostil. Após o anúncio em outubro, o regime venezuelano fechou sua embaixada na capital norueguesa, demonstrando clara repulsa à decisão do Comitê Nobel.

Trajetória de resistência

Fundadora do movimento Súmate, criado há mais de 20 anos para fiscalizar eleições, María Corina Machado tornou-se um símbolo da resistência ao chavismo. Ela foi impedida de concorrer nas últimas eleições e, desde o pleito de 2024, enfrenta aumento da repressão, incluindo uma breve prisão no ano passado.

Apesar dos riscos, ela optou por permanecer na Venezuela. "Ela manteve-se no país, mesmo sob grave risco, inspirando milhões de pessoas", ressaltou o comitê do Nobel em seu comunicado. A persistência de Machado e sua decisão de viajar para Oslo, desafiando as ameaças, marcam um capítulo dramático na longa luta pela democracia no país.

A cerimônia de entrega do Nobel da Paz 2025, na próxima quarta-feira, será muito mais do que um evento protocolares. Será um ato de coragem política e um testemunho internacional da crise venezuelana, com os olhos do mundo voltados para Oslo e para o destino da laureada após seu retorno.