Lula defende integração regional e democracia na Cúpula Celac-UE
Lula na Celac-UE: integração contra extremismo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou neste domingo, 9 de novembro de 2025, da IV Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), realizada em Santa Marta, Colômbia. Em seu discurso na Sessão Plenária de Chefes de Estado e de Governo, o líder brasileiro defendeu uma ordem mundial baseada na paz, no multilateralismo e na multipolaridade.

Defesa da democracia e alerta sobre extremismo

Lula fez um diagnóstico contundente sobre o momento atual da América Latina e do Caribe, alertando que projetos pessoais de poder estão minando a democracia na região. O presidente destacou que a intolerância tem ganhado força e impedido que diferentes pontos de vista possam dialogar.

"Voltamos a conviver com as ameaças do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado", enfatizou Lula durante seu discurso. O presidente acrescentou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional" e alertou que a democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições.

Lula defendeu que a segurança é um dever do Estado e um direito humano fundamental, ressaltando que nenhum país pode enfrentar o crime transnacional isoladamente.

Cooperação em segurança e integração econômica

O presidente brasileiro citou exemplos concretos de cooperação regional bem-sucedida, incluindo a renovação do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira, com Argentina e Paraguai, e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, em Manaus, que reúne nove países sul-americanos.

"Ações coordenadas, intercâmbio de informações e operações conjuntas são essenciais", afirmou Lula, descrevendo essas iniciativas como plataformas permanentes de cooperação para combater crimes financeiros e o tráfico de drogas, armas e pessoas.

Na agenda econômica, Lula apontou o Acordo Mercosul-União Europeia como prova do fortalecimento do multilateralismo comercial. O instrumento integrará um mercado de 718 milhões de pessoas e será essencial para que a América Latina e o Caribe revertam seu papel histórico de fornecedores de matéria-prima e mão-de-obra barata.

Propostas visionárias e compromissos regionais

O líder brasileiro também destacou a importância da COP30, a ser realizada na Amazônia, como oportunidade para a região liderar a transição energética mundial. Lula mencionou o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) como solução inovadora para valorizar as florestas em pé.

Uma das propostas mais marcantes do discurso foi a defesa de uma latino-americana para o cargo de Secretária-Geral da ONU. Lula lembrou que as mulheres, mesmo sendo mais da metade da população mundial, nunca ocuparam o mais alto posto das Nações Unidas.

Esta é a quarta cúpula entre a Celac e a União Europeia, e o décimo encontro entre as duas regiões desde 1999. A expectativa é que seja consolidada a Declaração de Santa Marta e o Mapa do Caminho 2025-2027, instrumentos que visam converter o diálogo birregional em ações concretas.

A Celac foi criada em 2010 e reúne os 33 países da América Latina e do Caribe. O Brasil, que teve papel central na criação da comunidade, retomou sua participação plena em janeiro de 2023, após três anos de ausência, reafirmando a integração regional como prioridade de sua política externa.