O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mantiveram uma conversa telefônica nesta terça-feira (2) que durou cerca de 40 minutos. O diálogo, confirmado pelo governo brasileiro, teve como foco principal a redução de tarifas americanas sobre produtos brasileiros e o reforço da cooperação bilateral no combate ao crime organizado internacional.
Negociações sobre tarifas e a "mágica" da carne
Durante a ligação, Lula defendeu a retirada completa das sobretaxas que os Estados Unidos ainda impõem a uma série de produtos do Brasil. O país é um dos principais fornecedores de carne bovina para o mercado americano, setor que foi alvo de medidas protecionistas do governo Trump para defender produtores locais.
Em evento separado, ao ser questionado por repórteres sobre a inflação, Trump fez referência indireta ao tema. "Em relação à carne, nós fizemos uma mágica pra ela começar a cair", declarou o republicano, sem mencionar o Brasil ou Lula especificamente. A fala ocorreu durante uma reunião de gabinete.
Medida recente e produtos beneficiados
No último dia 20 de novembro, a Casa Branca anunciou um avanço significativo: a retirada da tarifa adicional de 40% para mais de 200 produtos brasileiros. A decisão, que abrange itens que chegaram aos EUA a partir do dia 13 do mesmo mês, beneficiou setores importantes da pauta de exportação.
Entre os produtos que tiveram a sobretaxa eliminada estão:
- Carne bovina
- Café
- Açaí
- Cacau
- Diversas frutas
Esses itens se somam a uma lista anterior de quase 700 exceções ao chamado "tarifaço" imposto ao Brasil. A medida coincide com uma reunião ocorrida em novembro entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio.
Consenso e próximos passos na cooperação
O Planalto informou que Lula classificou a decisão norte-americana como "muito positiva", mas ressaltou que outros produtos brasileiros ainda enfrentam barreiras tarifárias e que esse ponto precisa ser resolvido rapidamente. O presidente brasileiro afirmou que o Brasil deseja "avançar rápido nessas negociações".
Além da agenda comercial, a conversa abordou a urgência no combate ao crime organizado internacional. Lula destacou operações recentes do governo federal para asfixiar financeiramente facções criminosas, incluindo grupos que atuam a partir do exterior. Em resposta, Trump demonstrou "total disposição" para trabalhar em conjunto com o Brasil e prometeu apoio a iniciativas bilaterais nessa área.
Ambos os líderes concordaram que novas conversas sobre os dois temas – tarifas comerciais e cooperação na segurança – devem ocorrer em breve. O telefonema reforça a dinâmica diplomática entre os dois países, que se encontraram pessoalmente em outubro de 2025, na Malásia.