Trump renomeia Instituto da Paz dos EUA com seu próprio nome
Instituto da Paz dos EUA agora leva nome de Donald Trump

Em uma decisão que mistura política externa com autopromoção, o governo do presidente Donald Trump rebatizou o Instituto da Paz dos Estados Unidos, que agora leva seu nome. A mudança foi confirmada por um comunicado oficial da Casa Branca na quarta-feira, 3 de dezembro de 2025.

Uma fachada com novo nome e um evento de peso

A sede do instituto, localizada em Washington, já exibe em letras prateadas o novo nome: Instituto da Paz dos Estados Unidos Donald J. Trump. A alteração na fachada acontece em um momento estratégico, às vésperas de um evento diplomático importante.

Nesta quinta-feira, 4 de dezembro, o edifício receberá os presidentes Paul Kagame, de Ruanda, e Felix Tshisekedi, da República Democrática do Congo, para a assinatura de um acordo de paz mediado pelos Estados Unidos. O local estava fechado há nove meses devido a disputas judiciais pelo seu controle.

Para a porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, a renomeação serve como um "poderoso lembrete do que uma liderança forte pode alcançar pela estabilidade global". Analistas, no entanto, veem a medida como mais um capítulo na campanha de Trump para se consolidar como um grande negociador internacional, que já incluiu manifestações públicas sobre seu desejo de ganhar o Prêmio Nobel da Paz.

Disputa judicial e controvérsia histórica

A renomeação é apenas o capítulo mais recente de uma intensa batalha pelo controle da instituição. Criado pelo Congresso Americano na década de 1980 para atuar de forma independente e apartidária na resolução de conflitos internacionais, o instituto teve sua autonomia ameaçada no início de 2025.

O governo federal, como parte de uma ampla reforma promovida pelo Departamento de Eficiência Governamental (Doge) de Elon Musk, moveu-se para tomar o controle da entidade. A administração Trump demitiu quase todos os funcionários, instalou uma nova liderança e transferiu o controle do prédio para a Administração de Serviços Gerais.

Ex-funcionários entraram na Justiça e conseguiram uma vitória temporária. Um juiz devolveu o controle ao instituto, classificando as ações do governo como uma "usurpação grosseira de poder". A Casa Branca, porém, recorreu e um tribunal superior lhe devolveu a posse do local.

George Foote, ex-advogado do instituto e parte do processo, criticou a renomeação: "Renomear o prédio é um insulto adicional ao prejuízo já causado". Enquanto a Corte de Apelações só deve decidir o futuro definitivo do instituto em 2026, muitos ex-funcionários planejam um protesto durante a cerimônia desta quinta-feira, que chamam de 'roubo' do local.

Estratégia de legado e críticas

A mediação no conflito de três décadas entre Ruanda e Congo se soma a uma lista de supostas conquistas de paz que Trump vem reivindicando desde o início de seu mandato, em janeiro de 2025, incluindo a Guerra em Gaza. Curiosamente, a própria Casa Branca já havia menosprezado o trabalho do Instituto da Paz no passado, descrevendo-o como uma "entidade inchada e inútil".

Agora, ao rebatizá-lo com o nome do presidente, o governo apropria-se simbolicamente de uma instituição que historicamente operava à sombra da política partidária. O ato consolida a narrativa de Trump como o principal arquiteto da paz americana, enquanto enterra a identidade original de uma organização que deveria ser um símbolo nacional, e não pessoal.

O desfecho desta história ainda depende dos tribunais, mas a mensagem na fachada de prata em Washington já está clara: na visão da atual administração, a paz tem um nome, e ele é Donald J. Trump.