Europa propõe liderar força multinacional para garantir segurança da Ucrânia
Europa oferece liderar força multinacional na Ucrânia

Em uma movimentação que pode representar o passo mais significativo rumo à paz desde o início da invasão russa em 2022, líderes europeus se ofereceram para comandar uma força multinacional na Ucrânia. A proposta faz parte de um ambicioso pacote de garantias de segurança apoiado pelos Estados Unidos, apresentado ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Berlim nesta segunda-feira, 15 de dezembro de 2025.

Detalhes do plano de segurança para Kiev

Durante um encontro na capital alemã, dirigentes do Reino Unido, França, Alemanha e outras nações europeias divulgaram um comunicado conjunto detalhando o plano. A iniciativa prevê garantias de segurança que se aproximam das oferecidas a membros da Otan, embora sem a adesão formal da Ucrânia à aliança atlântica.

O pacote apresentado a Zelensky, que tem viajado pela Europa para discutir o tema com aliados, inclui medidas concretas:

  • Manutenção de um Exército ucraniano robusto e permanente, com cerca de 800 mil soldados.
  • Criação de um mecanismo liderado pelos Estados Unidos para monitorar e verificar um eventual cessar-fogo.
  • Compromissos legais dos países envolvidos para reagir a futuras agressões.
  • Apoio à entrada da Ucrânia na União Europeia.

Pelo plano, Washington ficaria à frente de um sistema internacional de alerta antecipado em caso de uma nova ofensiva russa. Autoridades americanas envolvidas nas negociações acreditam que Moscou poderia aceitar essas garantias, o que significaria uma flexibilização relevante das exigências históricas do Kremlin, contrário à presença de tropas ocidentais na Ucrânia. Os EUA, no entanto, reiteraram que não enviarão soldados ao país como parte do acordo.

Avanços e obstáculos nas negociações

O chanceler alemão, Friedrich Merz, avaliou que as conversas colocaram Rússia e Ucrânia "mais próximas de um processo real de paz" do que em qualquer momento desde o início do conflito. Zelensky classificou os encontros em Berlim como produtivos, mas reconheceu que as negociações seguem difíceis.

Apesar do otimismo, impasses relevantes ainda precisam ser superados. Estados Unidos e aliados buscam uma fórmula para o futuro dos territórios ocupados pela Rússia, incluindo a possibilidade de transformá-los em zonas econômicas especiais. Também há desacordo sobre o destino da usina nuclear de Zaporizhzhia, atualmente sob controle russo.

O presidente ucraniano sinalizou disposição para congelar a atual linha de frente e até abrir mão da tentativa de ingressar na Otan, desde que receba garantias de segurança juridicamente vinculantes. O Kremlin, por sua vez, voltou a afirmar que a ampliação da Otan é um ponto sensível, mas disse aguardar um relato oficial dos Estados Unidos sobre as conversas.

Próximos passos e financiamento

Enquanto as discussões sobre segurança avançam, a União Europeia trabalha em paralelo em um acordo para financiar a Ucrânia nos próximos anos. Uma das propostas em debate é o uso de ativos russos congelados para esse fim, tema que deve dominar a agenda de uma reunião de líderes marcada para os próximos dias.

O movimento liderado pela Europa, com o apoio crucial dos Estados Unidos, tenta construir uma arquitetura de segurança duradoura para a Ucrânia no pós-guerra, equilibrando as demandas de Kiev com as preocupações geopolíticas mais amplas. O sucesso ou fracasso dessas negociações pode definir o panorama de segurança no leste europeu para as próximas décadas.