O governo dos Estados Unidos possui um plano de contingência estruturado para agir caso o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, abandone o poder. A confirmação foi dada nesta terça-feira (2) pelo Pentágono, em meio ao crescente clima de tensão entre Washington e Caracas.
Plano Pronto e Resposta Imediata
A porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, Kingsley Wilson, afirmou que a instituição — referida pelo presidente Donald Trump como Departamento de Guerra — está preparada para intervir. "Nós estamos prontos para fazer o que for preciso, se formos convocados. Temos uma resposta planejada e pronta", declarou Wilson, sem entrar em pormenores sobre o conteúdo das medidas.
As declarações ocorrem no contexto de uma operação militar norte-americana em andamento desde setembro no Mar do Caribe, próximo à costa venezuelana. Oficialmente, Washington justifica a ação como parte do combate ao narcotráfico, visando embarcações que transportariam drogas para os EUA.
"Nosso foco é derrubar os narcoterroristas e descartar essa ameaça que está envenenando o povo americano", explicou a porta-voz. "A cada barco que atacamos, estamos salvando 25 mil vidas americanas. Esta é uma missão crucial para proteger nosso país." No entanto, a mobilização gerou especulações sobre um possível intento de derrubar o regime de Maduro.
Ultimato Expirado e Negociações Frustradas
O anúncio do Pentágono segue a revelação, pela agência Reuters, de que Maduro não cumpriu um ultimato dado por Trump. Segundo fontes do governo norte-americano, em uma ligação telefônica de menos de 15 minutos no dia 21 de novembro, o presidente venezuelano teria uma semana para deixar o país com a família.
O prazo expirou na sexta-feira (28). Na mesma conversa, Maduro teria condicionado sua saída a uma série de pedidos, todos rejeitados por Trump. As exigências incluíam:
- Anistia legal completa para si e familiares.
- Fim de todas as sanções econômicas.
- Encerramento de um processo no Tribunal Penal Internacional.
- Retirada de sanções contra mais de 100 funcionários de seu governo.
Além disso, duas fontes relataram que Maduro sugeriu que a vice-presidente Delcy Rodríguez comandasse um governo interino até novas eleições, proposta também recusada. A frustração do acordo teria levado Trump a anunciar, no sábado (29), o fechamento do espaço aéreo venezuelano.
Cenário de Pressão Crescente
As opções para uma saída negociada de Maduro sob proteção dos EUA estariam se esgotando. Enquanto isso, a pressão militar e diplomática se intensifica. Desde agosto, os EUA mobilizam um forte aparato militar na região, com mais de 20 embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico bombardeadas, resultando em mais de 80 mortos, segundo dados americanos.
Autoridades dos EUA, sob anonimato, admitiram que o objetivo final da operação seria a remoção de Maduro do poder. O governo norte-americano não reconhece Maduro como presidente legítimo, considerando fraudulenta sua reeleição no ano passado.
Em discurso a apoiadores na segunda-feira (1º), Maduro reafirmou sua "lealdade absoluta" ao povo venezuelano. Fontes indicam que ele pediu uma nova ligação com Trump, mas não está claro se ainda há espaço para negociação. Enquanto isso, a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro foi elevada para US$ 50 milhões.
Nesta segunda-feira, Trump se reuniu com assessores de segurança nacional para discutir a situação. Uma fonte do governo dos EUA não descartou totalmente um acordo para a saída do líder venezuelano, mas afirmou que ainda há divergências sobre os termos.