
Há mais de meio século, os Estados Unidos desempenharam um papel crucial no desenvolvimento do programa nuclear do Irã. Essa relação, que hoje é marcada por tensões e conflitos, teve início em uma época de cooperação entre os dois países.
Nos anos 1950 e 1960, os EUA, sob o programa "Átomos para a Paz", forneceram ao Irã tecnologia e conhecimento para o desenvolvimento de energia nuclear com fins pacíficos. O objetivo era promover o uso civil da energia atômica, mas, inadvertidamente, essa iniciativa acabou lançando as bases para o que se tornaria um dos programas nucleares mais polêmicos do mundo.
O início da colaboração
Em 1957, os dois países assinaram um acordo de cooperação nuclear, que incluía a construção do Teerã Research Reactor, um reator nuclear de pesquisa. Além disso, engenheiros iranianos foram treinados nos EUA, e equipamentos sensíveis foram enviados ao Irã.
Essa parceria foi vista como um símbolo da aliança entre os EUA e o Irã, então governado pelo xá Reza Pahlavi, um aliado próximo do Ocidente durante a Guerra Fria.
As consequências não intencionais
Com a Revolução Islâmica de 1979, o regime do xá foi derrubado, e o novo governo iraniano, liderado pelo aiatolá Khomeini, passou a ser visto como uma ameaça pelos EUA. No entanto, a infraestrutura e o conhecimento nuclear fornecidos pelos americanos permaneceram no país.
Anos mais tarde, o Irã começou a ser acusado de desviar essa tecnologia para fins militares, levando a uma crise internacional que perdura até hoje. O programa nuclear iraniano tornou-se um dos principais pontos de discórdia nas relações entre os dois países.
O legado da cooperação
Hoje, especialistas debatem até que ponto a ajuda inicial dos EUA facilitou o desenvolvimento do programa nuclear iraniano. Alguns argumentam que, sem essa colaboração, o Irã não teria avançado tão rapidamente em suas ambições nucleares.
Outros defendem que o país teria buscado outras fontes de conhecimento e tecnologia, independentemente da participação americana. De qualquer forma, essa história serve como um lembrete das consequências imprevistas das políticas internacionais.