O governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, anunciou uma mudança significativa na sua postura internacional. Nesta sexta-feira, 5 de dezembro, foi publicada a nova Estratégia de Segurança Nacional, documento que guiará a política externa americana, indicando um realinhamento com foco prioritário na América Latina e no combate à imigração ilegal, em detrimento de um papel global mais amplo.
O novo eixo da política externa americana
O documento oficial promete um "reajuste de nossa presença militar global". O objetivo declarado é enfrentar ameaças consideradas urgentes no Hemisfério Ocidental, afastando-se de regiões onde a relevância para a segurança nacional dos EUA teria diminuído nas últimas décadas. Esta publicação ocorre em um momento de tensões elevadas com o governo da Venezuela, comandado por Nicolás Maduro, e de uma ampla mobilização militar americana no Caribe, sugerindo que a presença militar na região pode se estender além do previsto inicialmente.
A estratégia incorpora explicitamente o combate aos cartéis de drogas latino-americanos, uma campanha que a Casa Branca afirma estar conduzindo desde agosto. Este é o primeiro documento do tipo divulgado durante o segundo mandato de Donald Trump, seguindo uma prática periódica adotada por várias nações.
Três pilares do realinhamento militar
O plano delineia três elementos principais para a nova postura militar dos Estados Unidos na região:
- Presença marítima reforçada: Uma atuação mais robusta da Guarda Costeira e da Marinha para controlar rotas marítimas, conter a migração ilegal, combater o tráfico de pessoas e drogas e assegurar rotas essenciais em crises.
- Combate direto a cartéis: Empregar recursos para proteger a fronteira e derrotar cartéis, não excluindo o uso de força letal quando necessário, abandonando uma estratégia considerada falha baseada apenas na aplicação da lei.
- Acesso estratégico: Estabelecer ou ampliar o acesso a locais de importância estratégica na região.
Mudança de postura e críticas a aliados
A nova estratégia é apresentada como uma correção de rumo em relação a governos anteriores. O texto acusa gestões passadas de buscarem uma dominação global que sobrecarregou o país e permitiu que aliados transferissem seus custos de defesa para os Estados Unidos.
Além do foco latino-americano, o documento também faz menções a outras regiões. A Europa é acusada de bloquear o progresso em um acordo de paz para a Ucrânia. Já Taiwan deve receber um "grande foco" da atenção americana, devido à sua dominância na produção global de semicondutores, componentes vitais para a indústria de tecnologia.
Em relação à América Latina, a avaliação da administração Trump é de que a influência de alguns países (uma referência indireta a potências como China e Rússia) "será difícil de reverter". No entanto, os EUA pretendem explorar o fato de que, muitas vezes, os relacionamentos na região são pautados mais por interesses comerciais do que por alinhamentos ideológicos rígidos.
A publicação desta estratégia consolida uma visão de política externa marcadamente diferente, que prioriza ações diretas no "quintal" americano e uma postura mais assertiva e unilateral na defesa dos interesses nacionais, redefinindo o papel dos Estados Unidos no cenário internacional.