Um alto diplomata do Departamento de Estado dos Estados Unidos expôs recentemente a visão do ex-presidente Donald Trump para a Venezuela, centrada em um cálculo eleitoral doméstico, e não apenas no combate ao narcotráfico. A declaração, feita a um empresário brasileiro, revela uma estratégia política que pode moldar a política externa americana.
O cálculo eleitoral por trás da política externa
Em uma conversa reveladora, o funcionário de alto escalão do serviço exterior americano resumiu o pensamento de Trump sobre o regime venezuelano de uma forma surpreendente. "Se ele tira o Maduro, o estado da Flórida vai passar as próximas décadas elegendo republicanos", afirmou o diplomata. A frase destaca uma motivação que vai além dos discursos públicos sobre segurança e tráfico de drogas, focando diretamente no impacto eleitoral dentro dos Estados Unidos.
A importância crucial da Flórida e da diáspora venezuelana
A escolha da Flórida como peça-chave neste cenário não é aleatória. O estado é um dos principais destinos para imigrantes latino-americanos nos EUA e abriga uma comunidade venezuelana significativa. Estima-se que cerca de 400.000 venezuelanos e seus descendentes vivam atualmente na Flórida. Este eleitorado, historicamente crítico ao regime de Nicolás Maduro, tem um peso considerável em um estado conhecido por suas disputas acirradas e decisivas nas eleições presidenciais americanas.
O comentário do diplomata, feito em 5 de dezembro de 2025, sugere que uma mudança de regime em Caracas, promovida ou apoiada por Washington, seria recebida com grande aprovação por essa comunidade. A gratidão política se traduziria, na visão exposta, em um apoio duradouro ao Partido Republicano nas urnas floridenses.
Consequências e implicações geopolíticas
Esta revelação coloca uma nova luz sobre as possíveis motivações por trás de uma política externa mais agressiva em relação à Venezuela. Enquanto o combate ao narcotráfico e a defesa da democracia permanecem como justificativas públicas, o cálculo interno de ganho político parece ser um fator de peso.
A estratégia, se implementada, teria implicações profundas:
- Priorização eleitoral: A política externa seria diretamente vinculada a objetivos de campanha doméstica.
- Foco na diáspora: Comunidades de imigrantes se tornariam alvos centrais de ações de política externa.
- Relação com a América Latina: A abordagem poderia tensionar ainda mais as relações com outros países da região, como o Brasil, cujo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, mantém um canal de diálogo diferente com Maduro.
A visão descrita pelo diplomata transforma a questão venezuelana de um desafio geopolítico e humanitário em uma potencial ferramenta de realinhamento político interno nos Estados Unidos, com a Flórida como o grande prêmio eleitoral.