As Forças Armadas da Colômbia realizaram uma série de operações militares que resultaram na morte de 28 pessoas em apenas uma semana, incluindo adolescentes, em meio a crescentes pressões dos Estados Unidos para conter o tráfico de drogas no país sul-americano.
Operação na Amazônia colombiana deixa mortos
Segundo informações da Defensoria Pública colombiana, seis menores de idade estavam entre as vítimas de um bombardeio ordenado pelo presidente Gustavo Petro na região amazônica do sul do país. Os adolescentes teriam sido recrutados por facções criminosas antes de serem mortos.
"Tudo isso é lamentável. É a guerra em seu desdobramento doloroso e desumano afetando os mais vulneráveis: menores recrutados devido à falta de proteção e hoje transformados em alvos militares", declarou a defensora Iris Marín em áudio divulgado à imprensa.
A defensora ainda enfatizou que as forças militares devem adotar todas as precauções possíveis para proteger crianças, seguindo os princípios internacionais que exigem avaliação cuidadosa dos métodos de guerra para evitar danos desproporcionais.
Ministério da Defesa justifica operações
Enquanto isso, o ministro da Defesa, Pedro Sánchez, defendeu as ações militares com uma declaração que gerou repúdio da oposição: "Quem se envolve nas hostilidades perde toda proteção, sem distinção alguma. O que mata não é a idade, é a arma em si".
O ataque mais mortal ocorreu na terça-feira (11) em Guaviare, no sul da Colômbia, onde 19 pessoas perderam a vida. Os militares afirmaram que os mortos integravam grupos dissidentes das extintas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Esta se tornou a operação mais letal durante o governo de Petro, que começou em 2022. Em outra ação em Arauca, na fronteira com a Venezuela, nove rebeldes morreram, conforme informou uma autoridade do Ministério da Defesa à agência AFP na sexta-feira (14).
Crise diplomática com Estados Unidos
Os ataques ocorrem em um contexto de forte pressão dos EUA sobre a Colômbia para intensificar o combate ao narcotráfico. O presidente colombiano enfrenta sanções impostas pelo governo de Donald Trump, que chegou a chamá-lo de "chefão do narcotráfico" por suposta inação contra os cartéis de drogas.
Petro criticou os Estados Unidos por não conseguirem conter o consumo de drogas em seu território e, em um momento de tensão, ordenou a suspensão do compartilhamento de informações com as agências de inteligência americanas até que Washington interrompesse os ataques a embarcações no Caribe e no Pacífico, que deixaram pelo menos 80 mortos.
No entanto, dois dias depois o governo colombiano recuou e garantiu que a cooperação com os EUA continuaria.
As facções guerrilheiras alvejadas pelas Forças Armadas colombianas seriam comandadas por Iván Mordisco, o criminoso mais procurado do país. A oposição argumenta que essas organizações se fortaleceram sob a política de Petro de negociar seu desarmamento.
Embora o presidente colombiano tenha tentado fazer as pazes com Mordisco, o líder rebelde se retirou das negociações, levando a uma escalada do conflito que agora envolve a morte de menores recrutados à força pelo crime organizado.