O governo chinês manifestou publicamente seu apoio ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em meio ao agravamento das sanções econômicas e militares impostas pelos Estados Unidos. A posição foi transmitida diretamente pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante uma conversa telefônica com seu homólogo venezuelano, Yván Gil, na quarta-feira, 17 de dezembro de 2025.
Diálogo em meio à escalada de tensões
A declaração de apoio ocorre em um momento crítico, apenas um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um "bloqueio total" a navios petroleiros sancionados que tentem entrar ou sair da Venezuela. A medida norte-americana representa uma intensificação da presença militar estadunidense no mar do Caribe, iniciada em agosto, que Washington justifica oficialmente como uma operação para combater o narcotráfico.
Em comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Yi deixou clara a posição de Pequim. "A China se opõe a todas as formas de intimidação unilateral", afirmou o chanceler, acrescentando que seu país apoia nações que defendem sua soberania e dignidade nacional. Ele também enfatizou que a Venezuela tem o direito pleno de desenvolver cooperação mutuamente benéfica com outros países.
Parceria estratégica e visões divergentes
Wang Yi destacou que a China e a Venezuela são parceiros estratégicos e que o apoio e a confiança mútua sempre foram marcas registradas da relação bilateral. Do outro lado da linha, o chanceler venezuelano, Yván Gil, apresentou um panorama da situação interna do país e reafirmou a determinação de seu governo em defender a soberania e a independência venezuelana.
Gil foi enfático ao declarar que Caracas não aceitará ameaças de potências que classificou como abusivas. Horas antes do contato oficial, ele já havia usado a plataforma Telegram para informar que discutiria com Wang Yi as "ameaças e agressões" contra a Venezuela, além dos riscos que pairam sobre toda a América Latina e o Caribe devido à escalada militar.
Reação internacional e apelo à ONU
Enquanto a China solidariza-se com Maduro, outras vozes na região também se manifestaram. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, fez um apelo direto às Nações Unidas. Ela pediu que a organização internacional atue para impedir o 'derramamento de sangue' na Venezuela e criticou a ausência de uma reação mais firme da ONU ao bloqueio naval anunciado por Trump.
Sheinbaum defende uma solução pacífica para a crise venezuelana e rejeita categoricamente qualquer tipo de intervenção externa no país sul-americano. A posição mexicana reforça a visão do governo Maduro, que interpreta o aumento da presença militar dos EUA no Caribe não como uma operação antidrogas, mas como uma clara tentativa de forçar uma mudança de regime em Caracas.
O governo venezuelano acredita que a comunidade internacional compreende e apoia sua posição na defesa de direitos e interesses legítimos, como destacado pelo chanceler chinês. Este episódio evidencia o aprofundamento das fissuras geopolíticas, com a China assumindo um papel de contraponto ao poderio norte-americano na região, enquanto a crise humanitária e política na Venezuela permanece sem uma solução à vista.