Assessora de Trump revela tensões na Casa Branca e erros em entrevista
Chefe de gabinete de Trump revela tensões internas

Em uma série de entrevistas reveladoras, a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, expôs tensões internas e discordâncias dentro do governo do presidente Donald Trump. As declarações foram publicadas pela revista Vanity Fair nesta terça-feira, 17 de dezembro de 2025, e pintam um retrato franco dos bastidores do poder.

Críticas a Trump e a aliados próximos

Wiles, a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de gabinete na Casa Branca, participou de 11 conversas com o autor Chris Whipple durante o primeiro ano de Trump no cargo. Ela descreveu o presidente, que é abstêmio, como possuidor de uma "personalidade de alcoólatra", atribuindo essa característica a uma visão de onipotência. "Ele tem a visão de que não há nada que não possa fazer. Nada, zero, nada", afirmou.

Além do presidente, Wiles direcionou críticas a figuras-chave do governo. Ela se referiu ao vice-presidente JD Vance como um "teórico da conspiração há uma década". A assessora também questionou a forma como o bilionário Elon Musk desmantelou a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e criticou a resposta inicial da procuradora-geral Pam Bondi à divulgação dos arquivos de Jeffrey Epstein.

Reação imediata e defesas públicas

A publicação da matéria gerou uma reação rápida. No mesmo dia, Wiles usou a rede social X para classificar o texto da Vanity Fair como "um artigo de ataque com estrutura falsa", acusando a revista de omitir contexto e citá-la seletivamente para criar uma narrativa negativa.

Trump e outros membros seniores saíram em defesa da lealdade de Wiles. O presidente, que frequentemente a chama de "a mulher mais poderosa do mundo", disse ao New York Post que tem total confiança nela e concordou com a descrição de sua personalidade como "possessiva e viciante". JD Vance também a defendeu, brincando sobre o comentário de que seria um teórico da conspiração, mas ressaltando sua lealdade inabalável ao presidente.

Decisões polêmicas e divergências internas

Nas entrevistas, Wiles detalhou momentos de discordância com Trump. Ela disse ter alertado o presidente contra perdoar os participantes mais violentos do ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio e também o pressionou a adiar o anúncio de tarifas comerciais abrangentes no início de 2025, sem sucesso em ambas as ocasiões.

Ela classificou a decisão sobre as tarifas como "mais dolorosa do que eu esperava", revelando que a medida expôs divisões profundas dentro da equipe. Wiles enfatizou, no entanto, que seu papel não era limitar o presidente, mas facilitar suas decisões, aceitando quando seu voto era vencido.

Outros pontos de tensão mencionados foram:

  • Caso Epstein: Wiles afirmou que Bondi "errou completamente" ao lidar com a divulgação dos arquivos, o que perturbou a base de direita de Trump. Ela confirmou que o nome de Trump aparece nos documentos, mas disse que ele não está "fazendo nada de terrível".
  • Perseguição políticas: A assessora sugeriu que a pressão de Trump para processar a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, pode ter sido motivada por um desejo de retribuição.
  • Ações na Venezuela: Wiles não se opôs às ações contra o governo de Nicolás Maduro, mas sugeriu que o objetivo real é uma mudança de regime e lembrou que qualquer ataque terrestre exigiria aprovação do Congresso.

Conclusão: uma janela rara para os bastidores

As declarações de Susie Wiles oferecem uma visão incomum do funcionamento interno da Casa Branca de Trump, vinda de uma assessora sênior conhecida por evitar os holofotes. Apesar das críticas e revelações de tensão, a reação unificada de defesa por parte do presidente e de seus aliados indica que, publicamente, a administração busca projetar uma frente coesa. O episódio, no entanto, ilumina os conflitos e os processos decisórios que continuam a definir o segundo mandato de Donald Trump.