
Numa conversa que poderia muito bem redefinir os rumos da nossa política externa, o embaixador brasileiro no Cazaquistão soltou o verbo sobre os planos do país. E olha, a coisa parece mais séria do que se imaginava.
O BRICS — aquele bloco que muita gente ainda subestima — está longe de ser apenas um clube de emergentes. Segundo o diplomata, estamos falando de uma força genuinamente construtiva no cenário internacional. Não é blá-blá-blá diplomático, não. A convicção transparecia em cada palavra.
Uma porta que se abre
O que realmente chama atenção é o foco na Ásia Central. Parece que o Brasil finalmente acordou para o potencial da região. "Temos que estar presentes", disse o embaixador, com a tranquilidade de quem já viu essa história antes.
E não se trata apenas de fazer visitas corteses. A ideia é estabelecer relações substantivas — aquelas que geram comércio, investimentos, cooperação tecnológica. Algo que vá além dos habituais cumprimentos protocolares.
Os números que impressionam
O bloco BRICS hoje representa cerca de 45% da população mundial e 36% do PIB global em paridade de poder de compra. São números que fazem qualquer um prestar atenção. Mas o embaixador foi além dos dados frios.
Ele destacou como o grupo tem trabalhado para criar "mecanismos alternativos" de cooperação. Coisas concretas, sabe? Não apenas discursos bonitos em reuniões internacionais.
O Cazaquistão como peça-chave
Astana — a capital cazaque — parece estar se tornando um ponto focal dessa estratégia. O país oferece uma posição geográfica privilegiada, além de ser uma economia em franco crescimento.
"É uma relação que beneficia ambos os lados", explicou o diplomata, com aquela sabedoria de quem entende que nas relações internacionais ninguém faz nada por caridade.
E tem mais: o embaixador adiantou que o Brasil está de olho em outros países da região também. Uzbequistão, Quirguistão, Tajiquistão — nomes que ainda soam exóticos para muitos brasileiros, mas que podem se tornar parceiros importantes nos próximos anos.
Uma mudança de mentalidade
O que mais me chamou atenção foi o tom. Não era aquele linguajar diplomático cauteloso de sempre. Havia uma urgência, quase uma impaciência, na voz do embaixador.
"O mundo está mudando rapidamente, e o Brasil não pode ficar parado", afirmou, com a convicção de quem já viu oportunidades serem perdidas no passado.
E ele tem razão. Enquanto outros países correm para se posicionar nessa nova ordem mundial que está surgendo, nós brasileiros muitas vezes ficamos discutindo problemas domésticos como se o resto do mundo não existisse.
Os próximos passos
O plano, pelo que entendi, envolve três frentes principais:
- Ampliação da presença diplomática — com abertura de novas embaixadas e aumento do pessoal na região
- Intensificação do comércio — identificação de complementaridades econômicas
- Cooperação em áreas específicas — como energia, agricultura e tecnologia
Nada mal para um país que até pouco tempo mal sabia localizar esses países no mapa.
A verdade é que o BRICS está se tornando algo muito maior do que seus fundadores imaginaram. E o Brasil, ao que parece, finalmente decidiu levar o jogo a sério.
Resta saber se teremos a coragem — e a competência — para transformar essa retórica em realidade. Porque, convenhamos, já vimos muitos planos ambiciosos naufragarem na burocracia e na falta de continuidade.
Mas desta vez, sinto que pode ser diferente. Talvez porque o mundo realmente não espere por nós.