O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um bloqueio naval total contra petroleiros venezuelanos sancionados, declarando que o país sul-americano está "completamente cercado" por forças militares americanas. Em resposta imediata, o governo de Nicolás Maduro ordenou que seus navios petroleiros passem a receber escolta da Marinha venezuelana, acirrando ainda mais as tensões na região do Caribe.
Escalada militar e resposta venezuelana
Segundo informações publicadas pelo jornal The New York Times, a ordem de Maduro para proteger as embarcações com navios de guerra foi dada entre a noite de terça-feira e a manhã de quarta-feira. Os primeiros petroleiros a rumar para a Ásia com a escolta militar chavista já partiram, conforme o relato. O movimento é uma reação direta à ameaça de Trump, que classificou a Venezuela como uma "organização terrorista estrangeira" e justificou o bloqueio com acusações de roubo de petróleo e financiamento de atividades ilícitas.
A maior circulação de navios de guerra venezuelanos eleva significativamente o risco de um confronto direto com a Marinha dos EUA, que mantém uma presença maciça no Caribe há meses. A Casa Branca iniciou o deslocamento militar em agosto, inicialmente sob a justificativa de combate ao narcotráfico.
Repercussão internacional e posicionamentos
A comunidade internacional começou a se manifestar sobre a crise. Rússia e China, aliados de Caracas, expressaram apoio ao regime de Maduro. Moscou advertiu que as tensões podem levar a "consequências imprevisíveis" para o Ocidente, enquanto Pequim se disse contra "qualquer forma de assédio unilateral". O governo venezuelano repudiou veementemente o anúncio de Trump, qualificando-o como uma "ameaça grotesca" e "absolutamente irracional" que viola o livre comércio e a navegação.
Em um comunicado oficial, Caracas afirmou que recorrerá às Nações Unidas para denunciar a grave violação do Direito Internacional e reafirmou sua soberania sobre as riquezas naturais e as rotas marítimas. "A Venezuela jamais voltará a ser colônia", destacou o texto.
Contexto da crise e a estratégia dos "navios fantasmas"
Esta não é a primeira ação agressiva recente. Em 10 de dezembro, forças americanas interceptaram e apreenderam o navio petroleiro "Skipper" perto da costa venezuelana, ato que Maduro chamou de "pirataria naval criminosa". A operação, segundo a Reuters, causou uma queda brusca nas exportações, deixando cerca de 11 milhões de barris de petróleo e combustível retidos em águas venezuelanas.
As sanções americanas ao setor petrolífero venezuelano, impostas desde 2019, reduziram drasticamente as exportações legais. Para contornar as restrições, o regime de Maduro tem recorrido a uma frota de "navios fantasmas" ou "zumbis". Essas embarcações, alvo de sanções, frequentemente mudam de nome, bandeira ou até assumem a identidade de navios já desmontados para escapar da vigilância. Especialistas estimam que 1 em cada 5 petroleiros no mundo seja usado para contrabandear petróleo de países sob sanções, prática também adotada por Irã e Rússia.
Apesar de todo o bloqueio anunciado, o governo venezuelano afirmou que suas exportações de petróleo, atualmente em cerca de 1 milhão de barris por dia, continuam normais. O cenário, no entanto, configura uma das maiores escaladas de tensão entre os dois países na história recente, com um imprevisível desfecho para a estabilidade regional.