Jordan Bardella: fenômeno da extrema direita francesa lidera com 36% nas pesquisas
Bardella lidera pesquisas presidenciais francesas para 2027

Um novo fenômeno político sacode a França e coloca a Europa em alerta. Jordan Bardella, o jovem líder de 30 anos do partido Reagrupamento Nacional (RN), surge como grande favorito para as eleições presidenciais de 2027, imprimindo um estilo pop e moderno ao discurso da extrema direita no país.

O sucesso meteórico e a nova face do RN

Com sessões de autógrafos lotadas, filas quilométricas e uma presença massiva nas redes sociais, a turnê de promoção do seu segundo livro, Ce Que Veulent les Français (O que os franceses querem), tem toda a aparência de um comício eleitoral. Bardella foi incumbido de modernizar a sigla que carrega o peso histórico de seu fundador, Jean-Marie Le Pen, conhecido por declarações negacionistas sobre o Holocausto.

O político se apresenta como uma opção que suaviza a carga do partido, unindo ingredientes em alta: é um fenômeno nas redes sociais e mantém um discurso de extrema direita considerado menos furioso, porém afinado com o populismo econômico e o nacionalismo radical de seus pares ideológicos. Como líder do RN, tornou-se o político mais popular da França, posto que herdou de Marine Le Pen, hoje inelegível.

Pesquisas apontam vitória esmagadora e cenário favorável

Um termômetro claro de sua aceitação veio de uma recente sondagem do Instituto Odoxa. Se as eleições fossem hoje, Bardella venceria qualquer cenário no segundo turno com larga vantagem, um fato inédito na história política francesa. Ele alcança 36% das intenções de voto no primeiro turno, dobrando a margem de vantagem que Marine Le Pen tinha antes de passar o bastão.

Seu sucesso não é visto como fortuito. Do lado de seus oponentes, há uma fragmentação evidente. A esquerda, embora tenha ficado à frente nas legislativas de 2024, é um bloco dividido. Enquanto isso, o presidente Emmanuel Macron patina com uma popularidade de apenas 21%, enfrentando dificuldades para governar e aprovar reformas, como a da previdência.

Em uma França cansada da velha política, Bardella emerge com o trunfo de nunca ter ocupado um cargo público executivo nacional – atualmente é deputado europeu. Filho de imigrantes italianos e criado na periferia de Paris, ele abandonou o curso de geografia na Sorbonne e usa a falta de diploma superior como um símbolo de que não compactua com as elites.

Discurso moderno, mas com raízes na extrema direita tradicional

No TikTok, onde tem 2 milhões de seguidores, Bardella mostra um lado casual, postando desde fotos pescando até malhando ao som de funk. Ele trabalha para se distanciar do legado mais pesado do RN, tendo visitado, por exemplo, um memorial do Holocausto em Israel.

Contudo, seu ideário mantém os pilares clássicos da extrema direita. Seu livro, um best-seller que só perde em vendas para o mais recente Astérix, expõe promessas de cortes orçamentários, redução de impostos e combate à burocracia, sempre em tom épico. Paralelamente, agita a bandeira anti-imigração, alertando que o "povo europeu pode desaparecer sob ondas migratórias", referindo-se claramente a imigrantes de países mais pobres. A obra também revela um lado negacionista em relação às mudanças climáticas.

Com dois anos pela frente até as eleições de 2027, o cenário pode mudar. No entanto, a ascensão de Jordan Bardella já dá contornos definidos a uma onda populista que coloca não apenas a França, mas o mundo, em estado de atenção.