Prefeito de NY assina ordem contra desinvestimento em Israel antes de deixar cargo
Adams proíbe BDS e combate antissemitismo em NY

Em uma movimentação política de última hora, o prefeito de Nova York, Eric Adams, assinou duas ordens executivas significativas visando combater o antissemitismo e proteger os interesses de Israel na cidade. A ação ocorre a apenas um mês da transição de poder para Zohran Mamdani, um crítico declarado do Estado israelense.

Conteúdo das ordens executivas

A primeira ordem emitida por Adams proíbe terminantemente que chefes e funcionários de agências municipais adotem qualquer política que discrimine Israel, seus cidadãos ou entidades associadas ao país. A medida é direta e abrangente, buscando criar uma barreira institucional contra preconceitos baseados na origem nacional.

Além disso, a ordem vai além da administração diária. Ela especificamente veda que os responsáveis pelo sistema de previdência da cidade tomem decisões de investimento alinhadas ao movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). Este movimento, que Mamdani já declarou apoiar publicamente, busca pressionar Israel por meio de ações econômicas.

Contexto político e reação

A segunda ordem determina que a comissária de polícia, atualmente Jessica Tisch, avalie propostas para regulamentar protestos que ocorram nas proximidades de locais de culto. A justificativa, segundo Adams, é a proteção da comunidade judaica. “A cidade de Nova York sempre foi o caldeirão cultural desta nação, mas, com muita frequência, nos últimos anos, temos visto pessoas de ascendência judaica serem discriminadas e alvo de ataques”, declarou o prefeito em comunicado.

As medidas são amplamente interpretadas como uma tentativa de conter a agenda do prefeito eleito, Zohran Mamdani, que será o primeiro mandatário muçulmano da cidade e assume o cargo em 1º de janeiro de 2026. Seu apoio à causa palestina já gerou preocupação e oposição dentro da influente comunidade judaica nova-iorquina.

Uma transição de poder tensa

A decisão de Adams, datada de 4 de dezembro de 2025, cria um novo cenário para o início da gestão Mamdani. Ao instituir essas regras um mês antes de entregar as chaves da prefeitura, o atual prefeito estabelece diretrizes que seu sucessor terá que enfrentar ou desfazer através de processos legais ou novas ordens executivas, o que pode gerar atrito político desde o primeiro dia.

O episódio reflete as profundas divisões e a politização da questão israelense-palestina até no nível do governo municipal da maior cidade dos Estados Unidos. A ação de Adams consolida uma posição pró-Israel na estrutura administrativa de Nova York, enquanto prepara o terreno para um confronto com uma nova administração que traz uma perspectiva diferente para o conflito internacional.