Os Estados Unidos e o Paraguai deram um passo significativo no aprofundamento de sua cooperação militar. O governo norte-americano anunciou a assinatura de um acordo bilateral que estabelece formalmente a presença de militares e funcionários civis do Departamento de Guerra dos EUA em território paraguaio.
Um acordo histórico para a região
A cerimônia de assinatura do Acordo sobre o Estatuto das Forças foi conduzida pelo Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e pelo Ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano. Segundo comunicado oficial, o pacto cria uma estrutura jurídica clara para as atividades das forças americanas no país sul-americano.
O documento tem como objetivos principais facilitar o treinamento bilateral e multinacional, operações de assistência humanitária, resposta a desastres e o avanço de outros interesses de segurança compartilhados entre as duas nações. As autoridades afirmaram que o acordo fortalece uma parceria de longa data e apoia prioridades comuns.
Alinhamento com a nova estratégia de Trump
Este movimento não é isolado. Ele se encaixa perfeitamente na nova Estratégia de Segurança Nacional do segundo governo de Donald Trump, divulgada no início do mês. O documento sinaliza um "maior foco militar na América Latina", descrita como parte de um reajuste global para enfrentar ameaças urgentes no Hemisfério Ocidental.
A estratégia resgata elementos da Doutrina Monroe, que tradicionalmente vê a região como uma área de influência estratégica dos Estados Unidos. Integrantes do governo Trump já se referiram ao continente em mais de uma ocasião como "nosso quintal", reforçando essa visão.
Os três pilares do realinhamento militar
O documento presidencial delineia três elementos-chave para a presença militar dos EUA na região:
- Controle marítimo: Presença reforçada da Guarda Costeira e da Marinha para monitorar rotas, conter migração ilegal, combater o tráfico de drogas e pessoas e controlar vias essenciais em crises.
- Combate a cartéis: Emprego direcionado para proteger fronteiras e derrotar organizações criminosas, incluindo, quando necessário, o uso de força letal, abandonando uma estratégia considerada fracassada nas décadas anteriores.
- Acesso estratégico: Estabelecer ou ampliar o acesso a locais de importância estratégica, como demonstra o acordo com o Paraguai.
A estratégia critica gestões anteriores por buscarem uma "dominação global" que, segundo o texto, sobrecarregou o país e permitiu que aliados transferissem seus custos de defesa para os EUA. Agora, a prioridade é corrigir essa conduta e focar em ameaças mais próximas.
O acordo com o Paraguai é, portanto, um capítulo concreto dessa nova doutrina. Ele materializa no campo diplomático e militar a intenção declarada de Washington de reassumir uma posição de influência e presença ativa na América do Sul, baseada em interesses de segurança e soberania compartilhados, segundo a visão norte-americana.