O Flamengo deu um passo decisivo em seu sonho de ter um estádio próprio. O clube finalmente obteve a posse do terreno do antigo Gasômetro, no Rio de Janeiro, após a conclusão de um acordo com o Conselho Curador do FGTS. Agora, a diretoria rubro-negra já traça os próximos movimentos para concretizar o ambicioso projeto.
Estratégia financeira e próximos passos
O presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, revelou que o Flamengo criará uma espécie de "poupança prévia" para financiar a construção do novo estádio. A ideia é acumular recursos para, no momento certo, decidir como executar a obra. "Vamos criar uma poupança prévia para que na hora certa decida se faz e como fazer o estádio", afirmou Bap em reunião com conselheiros.
O próximo obstáculo imediato é a desocupação do terreno pela empresa Naturgy, que tem um prazo de até quatro anos para deixar o local. O clube espera que isso aconteça o mais rápido possível, pois só então poderá iniciar uma descontaminação mais profunda da área.
Como parte do acordo para a posse definitiva, o Flamengo terá de pagar um adicional de R$ 23,6 milhões ao FGTS. O valor será dividido em cinco parcelas anuais, com correção monetária. Este acerto complementa os R$ 138.195.000 que o clube já desembolsou em um leilão realizado em julho de 2024.
Redução de custos e novo projeto
A atual gestão do Flamengo, liderada por Bap, herdou um projeto inicial orçado em cerca de R$ 1,9 bilhão, preparado pela diretoria anterior de Rodolfo Landim. O plano original previa um estádio com capacidade para aproximadamente 80 mil torcedores.
No entanto, para tornar o projeto mais viável financeiramente, a nova diretoria apresentou ao Conselho Deliberativo uma série de adaptações com foco na redução de custos. As principais mudanças incluem:
- Redução da capacidade para 72 mil lugares, uma diminuição de seis mil vagas em relação ao projeto original.
- Retirada de um telão gigante do projeto, medida que sozinha representaria uma economia estimada em R$ 200 milhões.
- Revisão das obrigações de obras no entorno, acertadas com a Prefeitura do Rio, para diminuir o valor final do investimento.
Em agosto, o clube já havia costurado um acordo com a Prefeitura para a prorrogação dos prazos necessários à execução do projeto, enquanto prosseguia com estudos de viabilidade técnica e econômica.
Planos paralelos para o Maracanã
Enquanto o projeto do estádio próprio avança, o Flamengo mantém seus planos de melhorias para o Maracanã, estádio do qual é um dos gestores, ao lado do Fluminense, em uma concessão de 20 anos com o Governo do Estado do Rio.
Bap anunciou a contratação de uma consultoria da FIFA para avaliar e melhorar o gramado do estádio. Atualmente, o gramado recebeu uma nota entre 3 e 3,5. A meta do clube é elevar essa avaliação para 4 em 2026 e para 5 em 2027.
O presidente também revelou investimentos na estrutura, incluindo a construção de um novo camarote da presidência, que promete ser de padrão internacional, comparável ao do estádio Santiago Bernabéu, do Real Madrid, com inauguração prevista para janeiro.
Além disso, Bap fez uma declaração contundente sobre a reciprocidade no tratamento às torcias visitantes. "Vamos ser recíprocos: se nos recebe com aquela m... de rede, vai ter uma pior e mais fechada no Maracanã", afirmou, referindo-se às grades de proteção usadas em alguns estádios.
O Flamengo projeta um faturamento de R$ 192 milhões com o Maracanã em 2026, um aumento significativo em relação aos R$ 120 milhões de 2025, mesmo sem considerar a realização de shows ou a instalação de gramado sintético.