O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou o palco da abertura da Conferência do Clima da ONU, a COP30, para enviar mensagens contundentes ao mundo desenvolvido. Em seu discurso realizado em Belém no dia 10 de novembro de 2025, o mandatário brasileiro fez críticas indiretas, mas bastante claras, sobre posturas internacionais que prejudicam o combate às mudanças climáticas.
Críticas à corrida armamentista e aos gastos com guerra
Sem mencionar nomes específicos, Lula direcionou suas observações mais contundentes para a corrida armamentista que acontece na Europa. O presidente destacou que os recursos destinados a armamentos comprometem seriamente os repasses financeiros para a agenda climática global.
Em um dos momentos mais marcantes do discurso, Lula afirmou: "Se os homens que fazem guerra estivessem nessa COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar 1,3 trilhão de dólares para a gente acabar com o problema climático do que colocar 2,7 trilhões para fazer guerra como fizeram no ano passado".
Os números mencionados por Lula chamaram a atenção dos presentes e reforçaram o argumento brasileiro de que o financiamento climático pelos países desenvolvidos precisa ser prioridade absoluta nas discussões internacionais.
O combate ao negacionismo climático
Outro alvo das críticas do presidente foram as nações que adotam posturas negacionistas em relação às mudanças climáticas. Novamente sem citações diretas, mas com clara referência aos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump, Lula condenou aqueles que rejeitam as evidências científicas.
"A COP30 será a COP da verdade. Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo", declarou o presidente, acrescentando que "É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas".
Estas declarações ganharam especial relevância considerando que os Estados Unidos deixaram o Acordo de Paris por ordem de Donald Trump e se recusaram a enviar delegações para a Conferência do Clima.
Belém como sede estratégica
Lula também dedicou parte de seu discurso para justificar a escolha de Belém como sede da COP30. O presidente explicou que a seleção de uma cidade localizada na Amazônia foi estratégica, permitindo que os delegados internacionais conhecessem de perto a maior floresta tropical do mundo.
Embora tenham surgido problemas de hospedagem e preços elevados durante o evento, o mandatário brasileiro defendeu a decisão: "Seria mais fácil fazer a COP30 em uma cidade acabada, que não tivesse problemas. Mas aceitamos fazer a conferência em um estado da amazônia, para provar que com disposição política, vontade e compromisso com a verdade, a gente prova que não tem nada que seja impossível para o homem".
O presidente destacou ainda que a Amazônia representa o bioma mais diverso da Terra e abriga quase cinquenta milhões de pessoas, incluindo 400 povos indígenas diferentes.
O discurso de abertura de Lula na COP30 estabeleceu um tom desafiador para as negociações que seguirão durante a conferência, com o Brasil posicionando-se como defensor intransigente do multilateralismo e do combate às mudanças climáticas baseado em evidências científicas.