A governadora do Novo México, Michelle Lujan Grisham, emergiu como uma das vozes mais ativas da delegação americana na COP30, realizada em novembro de 2025. Em meio à ausência da Casa Branca no evento climático global, a representante estadual enviou uma mensagem clara ao mundo: a liderança climática dos Estados Unidos não depende exclusivamente do governo federal.
Estados unidos contra a mudança federal
Durante sua participação na conferência no dia 11 de novembro, Lujan Grisham destacou que a coalizão America Is All In garante a continuidade das ações ambientais americanas, independentemente da postura da administração Trump. "O fato de alguns americanos na Casa Branca não estarem aqui, ou talvez nem acreditarem na crise climática, é insuficiente para parar o trabalho dos governadores que representam 60% da nossa população", afirmou a governadora em entrevista exclusiva.
A líder do Novo México integra o U.S. Climate Alliance, um grupo de estados que ampliam políticas e investimentos ambientais mesmo sem apoio - e às vezes contra as posições - do governo federal. "Quando o governo federal se engaja, nós fazemos mais. Quando ele recua, nós também fazemos mais. É assim que funciona", declarou com convicção.
Estratégias estaduais em ação
Lujan Grisham apresentou exemplos concretos de como os estados americanos avançam nas políticas climáticas enquanto Washington recua. Entre as iniciativas mencionadas estão:
- Criação de acordos comerciais estaduais que ajustam tarifas e atraem empresas para o Novo México
- Negociações internacionais diretas, incluindo visitas à Ásia para discutir gás natural liquefeito (GNL)
- Competição interestadual por energias mais limpas, com menção específica ao Texas
"O LNG do Novo México é mais verde. Parece um oxímoro, mas se usassem o nosso, reduziriam emissões em até 40%", explicou a governadora, destacando a vantagem competitiva de seu estado mesmo em setores tradicionalmente poluentes.
Recepção internacional e futuro das negociações
Questionada sobre a reação de outros países à ausência federal, Lujan Grisham foi taxativa: "Não ouvi nenhum comentário negativo sobre a imagem dos EUA. Ao contrário: senti entusiasmo pelo que estamos fazendo". Segundo ela, há reconhecimento internacional de que os governos estaduais mantêm o curso das ações climáticas sem retrocessos.
A governadora defendeu maior participação direta de estados e cidades nas negociações climáticas globais, revelando que este foi um dos temas discutidos com líderes da ONU durante a COP30. "Queremos mostrar que nosso compromisso é real e confiável. Eles ouviram isso de nós", completou.
Para Lujan Grisham, a ação climática também se mostrou um tema vencedor eleitoralmente. "Essas políticas ressoam. Foi assim que fui eleita em 2019 e reeleita em 2022", afirmou, conectando a agenda ambiental com desenvolvimento econômico e social em seu estado.