PSD de Kassab garante vitória do governo na CPI do Crime Organizado
PSD garante vitória do governo na CPI do Crime

O governo Lula conquistou uma importante vitória política no Senado nesta sexta-feira, 8 de novembro de 2025, ao garantir o controle da Comissão Parlamentar de Inquérito do Crime Organizado. O resultado foi possível graças ao apoio decisivo do PSD, partido do secretário de governo de São Paulo, Gilberto Kassab.

Vitória estratégica do Planalto

A base governista conseguiu eleger tanto o presidente quanto o relator da CPI, além da maioria dos membros da comissão. Fabiano Contarato (PT-ES) assumirá a presidência dos trabalhos, enquanto Alessandro Vieira (MDB-SE) ficará responsável pela relatoria.

Para analistas políticos, esta movimentação representa uma espécie de revanche pela derrota sofrida há quatro meses, quando a oposição conseguiu eleger a cúpula da CPMI do INSS. Naquela ocasião, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) assumiu o comando da comissão mista, com a relatoria ficando com o deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

Papel fundamental do PSD

O Partido Social Democrático (PSD) demonstrou seu peso político na articulação que garantiu a vitória do governo. Dois senadores da legenda atuaram na linha de frente em defesa dos interesses do Planalto: Omar Aziz (AM) e Otto Alencar (BA).

O envolvimento do PSD chama atenção especialmente porque o partido é liderado por Gilberto Kassab, braço direito do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que faz oposição a Lula e é visto como potencial candidato nas próximas eleições presidenciais de 2026.

Reação da oposição e novos reforços

A derrota não passou em branco pela oposição. O senador Eduardo Girão (Novo-CE) não poupou críticas ao afirmar que "foi uma manobra dos governistas, conduzida pela tropa de choque do governo Lula".

Girão destacou ainda a contradição de, em sua visão, "colocarem o PT no comando de uma comissão que teria a função de investigar a inoperância do governo Lula e os estados governados pelo PT, como a Bahia e o Ceará, que registram índices alarmantes de violência".

Enquanto isso, a base governista pode ganhar mais um reforço importante. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que tem votado com o Planalto na CPMI do INSS, recebeu um convite para integrar o colegiado como suplente.

A parlamentar já sinalizou alinhamento com o discurso oficial ao afirmar que "hoje os tentáculos do crime organizado estão em atividades lícitas, está na Faria Lima, nos combustíveis, gás de cozinha, bets, fintechs, instituições de pagamento".

Contexto político e eleitoral

A CPI do Crime Organizado ganha especial relevância considerando que o combate à criminalidade aparece nas pesquisas como a maior preocupação do brasileiro. O tema certamente estará no centro dos palanques eleitorais em 2026, quando o país voltará às urnas para escolher seu próximo presidente.

A capacidade do governo de controlar uma comissão que investiga um tema tão sensível para a população representa uma vantagem estratégica no debate público sobre segurança pública.

Esta vitória política demonstra a complexidade das alianças no Congresso Nacional, onde partidos de oposição em âmbito nacional podem, em momentos específicos, alinhar-se com o governo em troca de espaços de poder e influência.