Wanderlei Barbosa volta ao governo do Tocantins após liminar do STF
Governador do TO retorna ao cargo após decisão do STF

O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) retornou ao cargo no estado do Tocantins após uma decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nunes Marques. A medida, publicada na tarde desta sexta-feira (5), suspendeu o afastamento de 180 dias determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Agradecimento nas redes sociais e reação imediata

Pouco depois da publicação da liminar, por volta das 16h20, Wanderlei Barbosa compartilhou um agradecimento em suas redes sociais. A publicação, feita no Instagram, mostrava uma foto do governador ajoelhado em frente a um portal das Serras Gerais, com a legenda "Obrigado meu Deus".

A imagem gerou uma rápida reação dos seguidores. Em menos de seis minutos, a postagem ultrapassou a marca de 3 mil curtidas e 800 comentários, em sua maioria comemorando o retorno dele ao Palácio do Governo.

Fundamentação da decisão e posição da defesa

Em sua decisão, o ministro Nunes Marques argumentou que o afastamento do chefe do Executivo estadual, às vésperas de um ano eleitoral, causa um "grave impacto na continuidade da Administração Pública", gerando instabilidade política e jurídica. O ministro destacou que uma medida dessa magnitude exige fundamentação robusta.

Outro ponto levantado foi o posicionamento da Procuradoria-Geral da República, que se manifestou contrária ao afastamento durante o curso do processo. A defesa do governador emitiu uma nota afirmando que "recebe com serenidade a decisão emanada do Supremo Tribunal Federal", que viabiliza o retorno de Barbosa ao cargo para o qual foi eleito.

Contexto do afastamento e investigações

Wanderlei Barbosa e a primeira-dama, Karynne Sotero, foram afastados de seus cargos no dia 3 de setembro de 2025 por decisão do ministro do STJ, Mauro Campbell, posteriormente referendada pela Corte Especial do tribunal.

As investigações da Polícia Federal apontam para suspeitas de desvios de recursos públicos em 2020 e 2021, durante o estado de emergência de saúde da Covid-19. Na época, Barbosa era responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), órgão que gerenciava verbas para auxílio à população.

O esquema investigado envolveria contratações ilícitas para a compra de cestas básicas. A primeira-dama é suspeita de atuar como intermediária nas contratações. A PF apura crimes como:

  • Frustração ao caráter competitivo de licitação
  • Peculato
  • Corrupção passiva
  • Lavagem de capitais
  • Formação de organização criminosa

É importante ressaltar que a liminar do ministro Nunes Marques não menciona o retorno da primeira-dama Karynne Sotero ao cargo.

Interregno e medidas do vice-governador

Durante os três meses de afastamento de Wanderlei Barbosa, o vice-governador Laurez Moreira (PSD) assumiu o comando do estado. Sua gestão interina começou com mudanças significativas na equipe de governo.

Entre as primeiras medidas, Moreira exonerou todos os secretários do primeiro escalão da gestão anterior. Além disso, suspendeu um contrato com uma empresa de táxi aéreo que fornecia um avião para viagens do governador afastado.

A liminar concedida por Nunes Marques é provisória e ainda deverá ser submetida à análise e referendo da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal. O caso, portanto, segue em aberto, com o governador retornando ao cargo enquanto as investigações sobre os supostos desvios durante a pandemia continuam seu curso.