PF desmantela esquema de R$ 708 mi no INSS com planilha de propinas
Corrupção no INSS: PF descobre propina de R$ 708 milhões

A Polícia Federal desmantelou um sofisticado esquema de corrupção no INSS que desviou recursos de milhões de aposentados brasileiros. As investigações, autorizadas pelo ministro André Mendonça do STF, revelaram uma organização criminosa com controle rigoroso de caixa e planilhas de propinas codificadas.

Planilhas codificadas e apelidos misteriosos

Os investigadores descobriram que os envolvidos no esquema utilizavam apelidos para esconder suas identidades nas planilhas de pagamento de propinas. Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, era identificado como "Italiano" e recebia uma mesada mensal de R$ 250.000 do esquema entre junho de 2023 e setembro de 2024.

Outros participantes também tinham codinomes específicos: André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS, era chamado de "Herói A", enquanto Virgílio Oliveira Filho, ex-procurador da autarquia, aparecia como "Herói V". O deputado federal Euclydes Pettersen estava registrado como "Herói E" na planilha secreta.

Os números do esquema milionário

A Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) foi identificada como peça central do esquema, tendo faturado R$ 708 milhões através de descontos ilegais em benefícios de aposentados. Desse total, R$ 640 milhões foram direcionados para empresas de fachada e contas de operadores do esquema de corrupção.

As investigações da Polícia Federal cruzaram informações das planilhas com movimentações bancárias e confirmaram valores específicos recebidos por cada investigado:

  • Virgílio Oliveira Filho: R$ 6,5 milhões em propinas entre 2022 e 2024
  • André Fidelis: R$ 3,4 milhões em propinas entre 2023 e 2024
  • Euclydes Pettersen: R$ 14,7 milhões por diferentes canais de pagamento

Estrutura criminosa organizada

De acordo com a investigação, a entidade atuava como uma organização criminosa estruturada, composta por dirigentes, operadores financeiros, empresários e agentes políticos, todos com papéis definidos na engrenagem da fraude.

Mensagens de WhatsApp obtidas pela PF comprovam que os criminosos do núcleo financeiro e dirigentes da Conafer organizavam meticulosamente as contas do esquema em planilhas detalhadas. O deputado Euclydes Pettersen, segundo as investigações, recebia propina através de um intermediário identificado nas comunicações.

As operações da Polícia Federal realizadas nesta quinta-feira, 13 de novembro de 2025, incluíram prisões e mandados de busca e apreensão contra todos os envolvidos citados no esquema, marcando um importante avanço no combate à corrupção no sistema previdenciário brasileiro.