Ucrânia: Chefe de segurança interrogado em escândalo de corrupção de US$ 100 mi
Chefe de segurança ucraniano interrogado em caso corrupção

Alto funcionário da segurança ucraniana é interrogado em meio a investigação de corrupção

Rustem Umerov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, foi interrogado como testemunha em um escândalo de corrupção que envolve um esquema de propinas de US$ 100 milhões (mais de R$ 534 milhões). A informação foi divulgada por dois veículos de imprensa locais na quarta-feira, 26 de novembro de 2025.

Umerov é uma figura central na política de segurança ucraniana, tendo liderado a delegação de Kiev nas negociações de paz com a Rússia na Turquia em maio. Recentemente, ele também conduziu uma reunião com o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, em Miami, para discutir um plano que poderia levar ao fim da guerra iniciada em fevereiro de 2022.

Investigação envolve empresa estatal de energia nuclear

O interrogatório de Umerov faz parte da investigação sobre Timur Mindich, suposto líder de um esquema de corrupção que teria desviado recursos da Empresa estatal de energia nuclear Energoatom. De acordo com as investigações, o grupo criminoso montou um grande esquema para controlar importantes empresas estatais.

O Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) aponta que os criminosos recebiam propina de empreiteiras vinculadas à Energoatom, com valores entre 10% e 15% do valor de cada contrato. Até o momento, sete pessoas foram acusadas no caso, sendo que cinco permanecem detidas.

Zelensky demite ministros e promete combate à corrupção

Em meio às revelações do escândalo, o presidente Volodymyr Zelensky tomou medidas drásticas, demitindo o ministro da Justiça, German Galushchenko, e a ministra da Energia, Svitlana Grynchuk. O líder ucraniano também pediu sanções pessoais contra seu amigo e ex-sócio, Timur Mindich, que fugiu da Ucrânia pouco antes do anúncio da investigação em 10 de novembro.

Zelensky defendeu que "deve haver máxima integridade no setor de energia" e apoiou "todas as investigações". Em declaração, o presidente destacou: "Neste momento, a situação está extremamente difícil para todos na Ucrânia – enfrentando apagões, ataques russos e prejuízos. É absolutamente inaceitável que, em meio a tudo isso, ainda existam esquemas no setor energético".

Segundo o Escritório da Procuradoria Especializada Anticorrupção (SAPO), o ex-ministro Galushchenko teria ajudado os participantes do esquema a lavar dinheiro através do setor energético. Tanto Galushchenko quanto Grynchuk negaram qualquer irregularidade.

Ucrânia restaura independência de agências anticorrupção

O caso ocorre em um momento delicado para a Ucrânia, que recentemente aprovou uma lei restaurando a independência de duas importantes agências anticorrupção - NABU e SAPO. A medida, aprovada com 331 votos a favor e zero contra, visou apaziguar uma crise política no país.

Os legisladores essentially anularam outra legislação, ratificada na semana anterior, que havia provocado os maiores protestos contra o governo ucraniano desde que a Rússia invadiu o país há mais de três anos. A comissária para o alargamento da União Europeia, Marta Kos, celebrou a reversão, afirmando que "a lei de hoje restaura salvaguardas essenciais", mas alertou que "os desafios permanecem".

O combate à corrupção é um dos requisitos-chave para a adesão da Ucrânia à União Europeia, tornando este caso particularmente sensível para o governo Zelensky em meio ao conflito com a Rússia.