O governo russo anunciou, mas se recusa a apresentar provas sobre um suposto ataque massivo de drones ucranianos contra uma das residências do presidente Vladimir Putin. A negativa do Kremlin ocorre enquanto as negociações de paz para o conflito na Ucrânia, que vinham avançando, agora enfrentam a ameaça de endurecimento por parte de Moscou.
Recusa em apresentar evidências
Nesta terça-feira (30), o porta-voz presidencial Dmitry Peskov foi categórico ao afirmar que a Rússia não fornecerá provas de que a Ucrânia tentou atingir a residência presidencial na região de Novgorod. A declaração foi dada durante uma coletiva de imprensa citada pela emissora France 24.
"Não creio que deva haver qualquer prova de que um ataque massivo de drones tenha sido realizado e que, graças ao trabalho bem coordenado do sistema de defesa aérea, tenha sido abatido", declarou Peskov. Ele justificou que, por norma, são os militares que conduzem este tipo de investigação e que todos os drones teriam sido interceptados.
O porta-voz também se recusou a confirmar se Vladimir Putin estava no local no momento do suposto ataque, que teria ocorrido na noite de domingo para segunda-feira.
Ucrânia desmente e exige provas
Do outro lado, a reação de Kyiv foi de negação total e cobrança por evidências. O presidente Volodymyr Zelensky classificou o anúncio russo como uma "típica mentira" vinda de Moscou.
Nesta terça, o vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andriy Sybiga, reforçou a posição em uma publicação na rede social X (antigo Twitter). "Já passou quase um dia e Rússia ainda não apresentou nenhuma prova plausível para suas acusações do suposto 'ataque da Ucrânia à residência de Putin'. E não apresentará. Porque não há nenhuma. Tal ataque não aconteceu", escreveu.
Sybiga ainda argumentou que a "tática da Rússia" se baseia em acusações falsas e pediu que outros países "não respondam a queixas não comprovadas", pois isso prejudicaria o processo de paz.
Negociações de paz em risco
O anúncio do suposto ataque foi feito inicialmente na tarde de segunda-feira pelo chanceler Sergey Lavrov. Ele afirmou imediatamente que as negociações para a paz seriam "revistas" e que haveria uma "resposta às ações imprudentes".
Posteriormente, o próprio presidente Vladimir Putin disse que o incidente dificultaria as conversas de paz. A mudança de postura ocorre em um momento sensível, após o encontro entre Zelensky e o ex-presidente dos EUA Donald Trump, no domingo, na Flórida.
Na ocasião, ambos discutiram um plano de paz para a Ucrânia. Trump chegou a dizer que se estava chegando "muito perto" de um acordo aceitável para todos os lados, enquanto Zelensky destacou que "as garantias de segurança são um ponto fundamental para alcançar uma paz duradoura".
Segundo Lavrov, o ataque teria sido realizado com a ajuda de 91 drones, mas não causou danos ao complexo de férias, localizado perto de São Petersburgo e um dos favoritos do presidente russo. A Rússia agora promete retaliar e mudar sua posição nas negociações mediadas pelos Estados Unidos.