Rússia ativa míssil hipersônico Oreshnik com capacidade nuclear em meio a negociações
Rússia ativa míssil hipersônico nuclear Oreshnik

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou, nesta terça-feira (30), a entrada em serviço ativo do sistema de mísseis hipersônicos Oreshnik, uma arma com capacidade nuclear. A divulgação ocorre enquanto negociadores buscam avanços nas conversas sobre a guerra na Ucrânia, em um momento considerado delicado.

Cerimônia e posicionamento estratégico

Segundo a pasta militar russa, as tropas realizaram uma breve cerimônia para marcar a ativação do sistema. O evento aconteceu na vizinha Belarus, onde os mísseis foram posicionados. O governo russo não informou quantas unidades do Oreshnik foram instaladas, mantendo outros detalhes operacionais em sigilo.

O presidente Vladimir Putin já havia adiantado, no início de dezembro, que o Oreshnik entraria em operação ainda neste mês. A declaração foi feita durante uma reunião com chefes militares, na qual ele alertou que Moscou tentaria ampliar seus ganhos na Ucrânia se Kiev e seus aliados ocidentais rejeitassem as exigências do Kremlin.

Capacidades do míssil e advertências

Um míssil hipersônico, como o Oreshnik, é uma arma que voa a mais de cinco vezes a velocidade do som, o que torna sua detecção e interceptação extremamente difíceis. Em discurso, Putin elogiou as capacidades do artefato, afirmando que suas múltiplas ogivas atingem o alvo a velocidades de até 12.000 km/h e são impossíveis de serem interceptadas.

O presidente russo também emitiu um alerta ao Ocidente, afirmando que Moscou pode usar o Oreshnik contra aliados da Otan que permitiram à Ucrânia lançar mísseis de maior alcance contra alvos dentro do território russo. O chefe das forças de mísseis da Rússia complementou que o sistema pode levar ogivas convencionais ou nucleares e tem alcance suficiente para atingir toda a Europa.

Contexto das negociações e avanços militares

O anúncio da ativação do míssil surge em um cenário de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia que permanecem frágeis. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse no domingo que Kiev e Moscou estariam “mais perto do que nunca” de um acordo, mas admitiu que as tratativas, lideradas pelos EUA e que já duram meses, ainda podem fracassar.

Os negociadores seguem sem consenso sobre pontos centrais, como a retirada de tropas de território ucraniano e o futuro da Crimeia, península anexada pela Rússia. Paralelamente, Putin tem buscado demonstrar que negocia a partir de uma posição de força.

Em reunião com oficiais militares na segunda-feira (29), o líder russo destacou a necessidade de criar zonas de proteção militar ao longo da fronteira do país. Ele também afirmou que as tropas russas avançam na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, e intensificam a ofensiva no sul, na área de Zaporizhzhia.

Esta não é a primeira vez que o míssil Oreshnik é utilizado. A Rússia realizou um disparo experimental do sistema em novembro de 2024, contra uma fábrica na cidade ucraniana de Dnipro. O sistema é classificado como um míssil de alcance intermediário, capaz de percorrer entre 500 e 5.500 quilômetros – um tipo de arma que era proibido por um tratado da era soviética, abandonado por Estados Unidos e Rússia em 2019.