Numa decisão que pegou muitos de surpresa — mas que, vamos combinar, já dava sinais há tempos — o Senai anunciou nesta sexta (16) o fechamento de sua unidade em Corumbá. O motivo? Uma combinação perversa: salas vazias e falta de interesse na formação técnica na região.
"É como ver um trem descarrilhar em câmera lenta", comenta um professor que pediu para não ser identificado. "Ano após ano, as turmas minguavam. Chegamos a ter turmas com apenas 5 alunos."
Números que não mentem
Nos últimos 3 anos, a queda foi brutal:
- 2022: 127 matriculados
- 2023: 68 alunos
- 2024: apenas 31 jovens frequentando os cursos
E olha que a unidade oferecia desde mecânica até cursos na área de alimentos — tudo que, em tese, deveria ter demanda numa cidade com forte vocação agropecuária e industrial.
Efeito dominó na região
O fechamento não é só uma página que se vira na educação. Deixa um vácuo enorme:
- 15 empregos diretos perdidos
- Empresas locais sem mão de obra qualificada
- Jovens obrigados a migrar para outras cidades
"A gente vira refém de Ladário ou até de Campo Grande quando precisa de um técnico qualificado", reclama o dono de uma oficina mecânica, visivelmente irritado com a notícia.
O Senai — que insiste em dizer que "reavaliará a situação no futuro" — transfere os alunos remanescentes para unidades em outras cidades. Mas convenhamos: quem tem condições de fazer 400km diários para estudar?
Enquanto isso, Corumbá perde mais uma instituição que ajudava a segurar seus jovens e alimentava a economia local. Triste? Sem dúvida. Surpreendente? Nem tanto.
