
Quem disse que a molecada de hoje só pensa em gastar? Uma pesquisa fresquinha, feita pelo Serasa e divulgada nesta segunda (19), joga por terra esse preconceito. A geração Z – aquela turma nascida a partir de 1997 – está mostrando uma preocupação com as finanças que faria corar muitos veteranos.
O resultado é surpreendente, pra dizer o mínimo. Num universo de mais de 2.400 entrevistados, manter o nome limpo no Serasa disparou como a prioridade número um. Sim, você leu direito. Não é o celular de última geração, a viagem internacional ou o tênis hype. É o score de crédito, aquela palavrinha que até pouco tempo atrás só tirava o sono dos mais velhos.
Não é só um ou dois. Um em cada três jovens (33%) colocou esse item no topo da lista. E olha, a gente tá falando de uma galera que mal saiu da adolescência! Em segundo lugar, com 26% das menções, veio a velha e boa meta de manter as contas em dia. Parece coisa de avô, mas a verdade é que a realidade bateu à porta, e a moçada ouviu.
O que explica essa mudança de mentalidade?
Ah, a pergunta de um milhão de dólares. Especialistas que analisaram os dados apontam o dedo para a herança pesada da pandemia. Aquele período de incerteza total, com layoffs e economia capenga, parece ter dado um choque de realidade. De repente, a segurança de um CPF sem restrição valeu mais que qualquer bem material.
— É uma geração que viu os pais e familiares passando por aperto. Eles aprenderam na marra que a vida não é só consumo, que é preciso se organizar — comenta um analista, ainda impressionado com os números.
Mas calma, não é que eles viraram uns pães-duros de mão fechada. Longe disso. A pesquisa mostrou que os jovens ainda sonham alto: 52% deles almejam a casa própria. Só que, diferente de outras épocas, o caminho pra chegar lá passa por um planejamento muito mais consciente e menos impulsivo.
O outro lado da moeda: os obstáculos
Claro, nem tudo são flores. A mesma pesquisa escancarou um problema crônico que atrapalha esses planos todos: a falta de educação financeira. Quase metade dos entrevistados (45%) admitiu que não teve acesso a esse tipo de conhecimento, seja em casa ou na escola. É como querer dirigir um carro sem nunca ter tido uma aula de direção.
E o resultado prático dessa lacuna? Dívidas. Muitas dívidas. Cartão de crédito, carnês, empréstimos... a lista é longa. O endividamento é uma sombra que ronda essa conquista recente da maturidade financeira. A grande questão agora é: como manter o nome limpo se você já começou o jogo com uma pedra enorme no sapato?
Pois é. A geração Z pode estar surpreendendo pelo cuidado com o bolso, mas ainda precisa vencer desafios enormes. A boa notícia? Eles parecem dispostos a aprender. E, convenhamos, reconhecer que se tem um problema já é o primeiro – e maior – passo para resolvê-lo.